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O DIA EM QUE PELÉ MANDOU UM JUIZ PARA O CHUVEIRO

17 / julho / 2020

por André Felipe de Lima


Não. Definitivamente, não. Nunca um jogador foi capaz de expulsar um juiz de um campo de futebol. A situação seria, no mínimo, completa e totalmente inverossímil. Surreal. Inimaginável. Lembro que em um jogo do Botafogo, em novembro de 2008, contra não sei quem o zagueiro André Luiz, um camarada alto, forte e sempre com cara de poucos amigos, tomou o cartão vermelho da mão do pobre do árbitro e o ergueu. “Fora!”, deve o beque ter gritado de supetão. Mas ficou nisso. André Luiz não tinha nome nem cacife para expulsar um juiz e acabou ele mesmo indo para o chuveiro após baixar a bola. Mas será que houve um dia em que algum maluco como André Luiz tentou (e conseguiu) botar para fora um árbitro? Sim, e somente um camarada com suas devidas idiossincrasias e capaz de mandar mais que a própria bola de futebol no contexto de uma peleja, seria capaz de chegar a esse extremo, e isso aconteceu no dia 17 de julho de 1968, dois anos antes do “tri” no México. O juiz em questão chamava-se Guillermo “el chato” Velásquez, que já não está mais aqui para contar a história; quanto ao seu “algoz” tem nome, sobrenome e um apelido, o mais famoso do mundo, por sinal: Pelé.


A história, uma das mais inusitadas na história do futebol, aconteceu durante um jogo do Santos contra a seleção olímpica da Colômbia. Um simples e (em tese) inofensivo amistoso, cujas cotas eram gordas para o clube paulista pelo simples fato de Pelé estar no gramado. Mas o rei teria aplicado um “chega-pra-lá” em uma dividida mais ríspida com o zagueiro Luís Eduardo Soto. Houve confusão entre os jogadores do Santos e os colombianos. Dirigindo-se ao juiz, Pelé teria proferido um sonoro “Vá se f., seu filho de uma p.”. Velásquez ouviu e viu muito bem o que gritara Pelé. A expulsão (na época ainda não havia cartão amarelo ou vermelho) era o remédio para a situação. Todo mundo se empurrando e ao juiz (coitado), que emenda: “Pelé, ‘con permiso’ fora!”. O Edson sempre negou ter participado da confusão ou mesmo xingado Velásquez, mas o Pelé nunca negou isso, e saiu de campo. Pelé caminhando e a torcida gritando: “¡Vuelve, Pelé, vuelve!”. Os santistas em cima do pobre do árbitro. Empurra dali, empurra daqui; torcedores ensandecidos, que só foram ao estádio por causa do Pelé. A tragédia era iminente. Alguém tinha de fazer algo imediatamente ou nem mesmo Pelé sairia vivo daquele estádio onde o caos se instaurara. Um cara soprou no ouvido do bandeirinha Omar Delgado, e deve ter dito mais ou menos assim: “Ve allí y saca al árbitro loco del césped”. Delgado acatou a ordem e mandou o recado para Velásquez, que, obviamente pasmo, ouviu a decisão contra ele. Velásquez estava expulso. Pelé, que sequer saiu de campo, permaneceu. No fim das contas, o jogo continuou, e deu Santos. Quatro a dois, com um gol dele, Pelé. Velásquez e Pelé estiveram dois anos depois, no México. Mas não se esbarraram. Nunca mais um cruzaria o caminho do outro. Para Pelé, a glória. Para o pobre do “El chato” Velásquez, bem… sobraram um olho roxo e o chuveiro do vestiário.

CONFIRA O VIDEO DAQUELE JOGO QUE ENTROU PARA A HISTÓRIA DO FUTEBOL

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