por Zé Roberto Padilha
De repente, o cineasta que dirige os rumos do futebol brasileiro resolveu regravar “Nasce uma estrela”. Se na telona Barbra Streisand foi substituída por Lady Gaga, e a estrela nasceu e brilhou em Hollywood do mesmo jeito, nos gramados por aqui surge no canal première um novo Gérson, o Canhotinha de Ouro, Parte II. E a bola, como nos anos 70, continuou a ser tratada com a mesma distinção e carinho. Se seu pai o batizou em homenagem ao nosso tricampeão mundial,ele foi além. Se tornou um profeta.
Quando surgiu no Fluminense, o mesmo clube que Gérson se despediu do futebol, em 1974, ele era uma grande promessa. Convocado para a seleção brasileira de base, ganhou um título mundial e foi realizar seu estágio na Europa. E conseguiu incorporar força física a uma habilidade e visão de jogo pouco comum a quem, hoje, habita aquela faixa nobre do campo. Ao contrário do Nenê, Ganso, Thiago Neves, Cícero, Douglas e Cia, hábeis canhotinhos que tratam bem a criança, Gerson tem força muscular para aparecer na área e completar as jogadas que inicia.
Gerson tem sido a bateria desta máquina jogar futebol que se tornou o Flamengo. Antes dele, Diego a mantinha ligada, porém, ora a iluminava com um voleio, ora deixava cair a voltagem por não conseguir manter seu ritmo por 90 minutos. Se sobrava categoria, faltava força da juventude que ele acrescentou ao talento de Everton Ribeiro e Arrascaeta. E estes tem abastecido, com suas genialidades, a impressionante objetividade de Bruno Henrique e Gabigol.
Neste momento, do nascimento de uma nova estrela, é importante que os cineastas que dirigem a seleção brasileira lhe estendam o tapete vermelho para que entre, triunfalmente, na Granja Comary. Tão importante seria sua premiação que seu moderno conceito de jogar futebol se espalharia pelas telinhas dos campinhos de pelada de todo o país.
E os canhotinhos hábeis que vierem a surgir, vão ficar sabendo que também precisarão marcar e finalizar cada obra de criação. Caso contrário, perderão seu brilho pelo caminho. E sairão xingando os diretores de burro quando estes interromperem suas apagadas exibições carreira afora.
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