por Zé Roberto Padilha
Em 1974, com a venda do Lula para o Internacional, finalmente chegara a minha vez de vestir a camisa 11 tricolor. O treinador era Carlos Alberto Parreira e Gerson, nosso Canhotinha de Ouro, iria disputar sua última temporada.
Segundo José Carlos Araújo, o Garotinho, fui denominado o “Pulmão do Gerson”. Ele devolvia, quando lhe entregava a bola, a gentileza nos concedendo passes e lançamentos geniais.
Na concentração, todos ficavam zoando seu jeito de falar pelos cotovelos. E não era poupado. “Papagaio! Papagaio!: Ele ficava muito bravo.
Dois anos depois virou comentarista. E eu, Roberto e Toninho fomos para o Flamengo, trocados por Renato, Doval e Rodrigues Neto. E entramos no mesmo ônibus que levaria a delegação do Flamengo, e de carona a equipe da Rádio Globo, para o Estádio Brinco de Outo da Princesa.
Já estávamos fazendo nosso sambinha no fundo do ônibus quando ele entrou. E se acomodou nas primeiras poltronas. E começamos a chamar o que menos ele gostaria de ouvir: “Papagaio! Curupaco! Papagaio!”.
Ele nem deixou quicar. Levantou da poltrona e soltou as últimas palavras que ouvimos do nosso ídolo tagarela: “Roberto, Toninho e Zé Roberto, não pertenço mais a laia de vocês!. Quero respeito!”.
Enfiamos a viola no saco, as cabeças debaixo das poltronas e nos silenciamos até o estádio debaixo da maior gozação.
Chegando ao Flamengo e indo enfrentar o Guarani, irritar quem tinha o microfone e a audiência da Rádio Globo era tudo que não precisaríamos. Chegando em casa, tirando o Roberto, que ficara no banco, ouvimos que ele elogiou bastante as nossas atuações.
Realmente ele provou que já não pertencia a mesma laia!”
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