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O ARTILHEIRO PALMEIRENSE QUE SE TORNOU O MAIOR ÍDOLO DO TORCEDOR DO FLAMENGO

13 / maio / 2021

por Victor Kingma 


Quando eu morava na fazenda, em Mantiqueira, no início dos anos 60, futebol a gente só ouvia pelo rádio. Até porque, televisão não havia por aquelas bandas.

Na minha casa era muito comum eu, meus irmãos e os amigos nos reunirmos para escutar as partidas, como eu já disse em outro texto, na frequência que o nosso velho e chiador rádio Zenith conseguisse sintonizar primeiro.

Quando não tinha jogo do Flamengo, paixão de toda a família, ficávamos procurando outras partidas para ouvir, principalmente dos Campeonatos Carioca ou Paulista.

Zé da Joaquina, um sujeito boa praça e grande amigo da família, era presença constante nesses dias.

Rubro-negro fanático, de repente assumiu como seu grande ídolo um jogador palmeirense, o atacante Tupãzinho, recém chegado a São Paulo, vindo do Guarany de Bagé.

Isso se deu pelo fato de que toda partida do Palmeiras que o bravo Zé da Joaquina escutava o avante gaúcho sempre marcava seus gols, com seu chute mortal de perna esquerda. Feito exaltado pelos famosos narradores da época.  

Foi o bastante para ele, atacante assíduo das peladas locais, assumisse para si o apelido.

A cada gol que fazia saía correndo e gritando alucinado: Tupãzinho!!! Tupãzinho!!! 

A molecada do lugar às vezes até deixava de fazer os gols e passava a bola para ele, só pra se divertir com as suas malucas comemorações gritando o nome do atacante palmeirense. 

Um dia ele, que dependendo da lua não batia bem das bolas, chegou ao cúmulo de se atirar na lagoa que ficava ao lado do campo para comemorar um gol e quase morreu afogado!

O certo é que fora o Flamengo, time pelo qual era tão fanático que vivia comprando briga com os adversários em dias de derrota rubro-negra, Tupãzinho passou a ser tudo para ele no futebol.

Bem, mais um dia esse amor acabou.

Flamengo e Palmeiras se enfrentavam no Maracanã, pelo torneio Rio-São Paulo, de 1965.

Ouvidos colados no rádio, os flamenguistas, em grande número naquele dia, eram só preocupação com a presença de Zé da Joaquina na torcida. 

Afinal, todo jogo do Palmeiras que ele ouvia Tupãzinho jamais deixou de marcar seus gols. Será que isso vai se repetir? – Indagavam apreensivos.

E não deu outra: mal a partida começa e o avante palmeirense recebe um passe de Ademir da Guia, dribla o goleiro Marcial e estufa as redes rubro-negras.  

No inicio do segundo tempo, o Flamengo, que perdia por 2 x 1, vai todo para o ataque e tenta o empate, mas, num contra-ataque, o artilheiro palmeirense recebe novo passe de Ademir da Guia e arremata:  3 x 1!

Foi demais para os torcedores rubro-negros!  

E mais uma vez o bravo Zé da Joaquina sairia correndo, alucinado. 

Desta vez não para comemorar os gols do seu ídolo, mas para fugir da fúria dos torcedores  do seu próprio time.

Final do jogo: Palmeiras 4 x 1 Flamengo. Numa das melhores partidas do atacante com a camisa alviverde do Parque Antarctica.

Foi o traumático fim da idolatria do torcedor rubro-negro pelo astro palmeirense e também da carreira do artilheiro Tupãzinho nas peladas do lugar!  

 

Victor Kingma

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