texto: Victor Kingma | charge: Eklisleno Ximenes
Naquela cidadezinha mineira o fascínio pelo futebol era geral. Aos domingos era de lei assistir aos jogos do Expressinho, nome dado em homenagem ao Expresso da Vitória, time inesquecível do Vasco e paixão do seu fundador.
Farmacêutico aposentado, seu Miranda era o técnico, médico e psicólogo do time, conhecido na região pela capacidade de reverter resultados aparentemente impossíveis. Várias eram as histórias contadas sobre viradas inesquecíveis, após suas preleções no intervalo.
Dona Xica, sua mãe, aos 85 anos, era a torcedora símbolo do time. Não perdia um jogo e, bandeira na mão, tinha até lugar cativo à beira do gramado.
Naquele domingo, com sol de 40 graus, a coisa não estava indo bem para o Expressinho. Terminado o primeiro tempo, o placar apontava 2 a 0 para os visitantes.
Portas fechadas no vestiário, o técnico se reunia com seus atletas, tentando mais uma heroica façanha. De repente, um alvoroço. É o massagista, batendo à porta:
– Que tumulto é este?
– É dona Xica, seu Miranda! Está correndo feito louca, dando volta olímpica no campo com a camisa na cabeça, como o Rivaldo…
– Mas, o que houve?
– Ela estava com muito calor e eu fui ao vestiário e dei a ela um copo de suco. Daquele que o senhor costuma dar pros jogadores…
– Nossa Senhora! Mamãe está dopada!
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