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NOVA CARTA AO TORCEDOR VETERANO

19 / março / 2025

por Cláudio Lovato Filho

Passa o tempo, você envelhece, mas a emoção continua.

Ainda que alguns de nós digamos que não, que já foi bem melhor, que no nosso tempo que era bom etc etc etc.

Sempre vai ser bom.

E, mesmo que quisesse, você não conseguiria viver sem isso.

A loucura pela camiseta, pelo escudo, pela bandeira nunca morre.

Nunca vai morrer.

Isso é coisa que vem de longe, da infância; vem de antes mesmo de termos nascido.

Está no sangue, na alma, nos dedos cruzados, no soco no ar, no palavrão impossível de segurar.

Está na pele e chega até os ossos, aos nervos, ao centro da existência.

É assim mesmo: ainda hoje, depois de todas essas décadas, você acorda pensando no jogo, no clássico que não se pode perder de jeito nenhum.

E, quando percebe, já está nervoso e não consegue pensar em outra coisa.

A chegada ao estádio, a subida da rampa, as luzes, o canto da torcida, o coração batendo como um bumbo.

Ou então no recolhimento do lar, que se transforma em estádio; a poltrona que vira arquibancada; o coração saltando para dentro da TV; o xingamento em altos brados, como se o juiz pudesse ouvi-lo (e o vizinho que se estrepe!). 

É, meu amigo, eu sei e todo mundo sabe: mesmo que quisesse você não conseguiria viver sem isso.

Porque está na sua essência. Não é que esteja em você; é você.

É você.

A você, meu amigo, faço novamente a pergunta de Neruda (já sabedor da resposta, é claro):

“Onde está o menino que fui

Segue dentro de mim

Ou se foi?”

(A primeira carta, escrita em 2019.)

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