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NO VERNIZ DO FUTEBOL DE NEGUEBINHA BRILHA VINICIUS JR

22 / janeiro / 2024

por Marcos Vinicius Cabral

Vinicius Júnior caminhava chutando pedras pelo trajeto do Porto do Rosa, bairro onde morava em São Gonçalo, até o bairro vizinho Mutuá, onde funciona até hoje a escolinha de futebol em que ensaiou os primeiros chutes em uma bola de futebol. Diversos, inúmeros, infinitos sonhos passaram pela cabeça daquele menino pobre, negro, de sorriso fácil, e habilidade incomum.

Para o filho de Fernanda e Vinicius, vencer a desconfiança das pessoas sempre foi uma tarefa bem mais difícil do que ir a pé para a Escola Municipal Paulo Freire e aos treinos para aprimorar domínio de bola, conclusões a gol e a parte física. Mas não era algo que assustasse o atual camisa 7 do Real Madrid (ESP) que, ainda moleque, já aprontava.

“Uma vez recebemos o time da escolinha do Vasco em São Gonçalo. Com apenas 6 anos, ele acabou com o jogo sozinho”, relembra Edinelson Matos, o Man, treinador da escolinha Craquinhos de Ouro.

Tornou-se, portanto, normal para Vinicius Júnior encarar desafios que o mundo, redondo como uma bola de futebol, apresentava. Vencer seria, acreditava o menino, questão de tempo. E o tempo, o tempo não para, diria Cazuza (1958-1990) como nos versos abaixo:

“Mas se você achar
Que eu ‘tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para…”

E os dados continuaram rolando na vida do menino pobre gonçalense, da mesma forma que mundo não parou. Pelo contrário, girou. E muito. A bola, onipresente na vida de Vinicius Júnior, obrigou-lhe a mudar de cidade. Aos 14 anos, coração partido em mil pedaços, saiu de São Gonçalo e foi para Piedade, Zona Norte do Rio de Janeiro, morar com o tio Ulisses. Na cabeça dele, melhor seria afastar-se da cidade e dos amigos para ficar mais próximo do Ninho do Urubu e poder realizar o sonho que era tornar-se jogador do Flamengo, clube de coração.

E o sonho começou a cumprir-se contra o Atlético Mineiro, pois foi naquele 13 de maio de 2016, partida válida pela 1ª rodada do Campeonato Brasileiro, que Vinicius Júnior estreava. Até chegar ao Real Madrid, quando jogou pela primeira vez contra o Atlético de Madrid, no Santiago Bernabéu, pela La Liga, em 29 setembro de 2018, muita coisa aconteceu repentinamente na vida da joia gonçalense.

De menino pobre a um dos jogadores mais valiosos do planeta e com multa rescisória de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 5,36 bilhões), Vinicius Júnior ultrapassou obstáculos, superou dificuldades, acreditou no dom de jogar futebol que deu lhe Deus e foi em frente. Vira e mexe enfrenta uma chaga universal chamada racismo. Logo, logo, vence esses imbecis e vai dar-lhes uma ‘banana’.

Entre tantos feitos, Vinicius Júnior tornou-se em neste janeiro, em jogo válido pela final da Supercopa da Espanha, o primeiro brasileiro a marcar três gols na história do El Clásico pelo Real Madrid. Feito igual ao dos brasileiros Evaristo, em 1958, e Romário, em 1994, ambos pelo Barcelona.

Já no 15 de janeiro de 2024, a FIFA anunciou a seleção do ano de 2023 no prêmio Fifa The Best e Vinicius Júnior foi escolhido um dos atacantes.

De São Gonçalo para o mundo, mas sem perder as raízes. Foi pensando nisto que o Vinicius Júnior quis melhorar a vida de estudantes da Escola Municipal Paulo Freire, onde estudou. A unidade é um dos centros de tecnologia do instituto que leva o nome do craque e proporciona pilares que busca ter como base a Educação. Educação esta que nunca faltou ao craque de sorriso cativante e que vem respondendo com a bola que joga aos que chamaram-lhe de “Neguebinha” no programa Redação Sport TV, em 2017. Que Deus tenha piedade destas pessoas.

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