por Elso Venâncio
Em todas as pesquisas de opinião pública, o Rádio sempre foi, ao longo da História, apontado como o veículo de maior credibilidade da imprensa. Nos anos 30, surgiu no Brasil a Rádio Nacional, que mostrava o que acontecia no nosso país a todo o nosso povo. Pelo Edifício ‘A Noite’, na Praça Mauá, que durante anos respondeu como o prédio mais alto da América Latina, passaram os principais cantores, músicos, apresentadores e repórteres brasileiros. A partir de 1942, com as ondas curtas e já incorporada ao patrimônio da União, ela se tornou uma das cinco mais potentes emissoras do mundo.
As transmissões pelas ondas do Rádio popularizaram o futebol. Na época, o país tinha três ídolos: Getúlio Vargas, na Política; Leônidas da Silva, no futebol; e Orlando Silva, na música. Getúlio era um ditador populista que depois voltou ao poder eleito pelo voto popular. Era visto como o ‘Pai dos Pobres’. Leônidas, o primeiro jogador de futebol a ser ‘garoto propaganda’, virou nome de chocolate: ‘Diamante Negro’. Orlando Silva era ‘O Cantor das Multidões’.
A televisão surgiu no começo dos anos 50 e, logo que despontou, disseram as más línguas que que o Rádio seria engolido. Não foi! A Internet chegou ao Brasil no final dos anos 80 e falaram a mesma coisa, que seria o fim do Rádio. Novo engano! Hoje, o Rádio se reinventa a cada dia e usa tanto a televisão como a Internet como aliados.
A memória afetiva do torcedor remete aos narradores de futebol. O grande biógrafo brasileiro, Marcos Eduardo Neves, me disse que Zico tem gravado e escuta sempre alguns de seus incontáveis gols narrados pelo saudoso Jorge Curi:
“Falta na entrada da área. Correu Zico, atirooouuu… é gooolll!!! Gooolll……Zico, Zicão, Zicaço, camiiiiiisa número 10!”
José Carlos Araújo é o ‘cara’ da comunicação esportiva. Particularmente, considero o gol marcado por Petkovic, de falta, na final do Carioca de 2011, narrado por ele, como o mais espetacular que já ouvi. Contudo, Garotinho aponta como o seu grande momento o gol de Ronaldo que decidiu a Copa do Mundo da Coreia e do Japão, no pentacampeonato que a seleção conquistou em 2002. E, como esquecer Osmar Santos, ‘O Pai da Matéria’, no histórico gol de Basílio contra a Ponte Preta, no Morumbi, em 1977?
Estou na sala de imprensa do Flamengo e entra um garoto magricela sorrindo, com os dentes desalinhados, que ao se contundir aos 17 anos, no Cruzeiro, vinha se recuperando na Gávea.
“Eu e meu pai sempre ouvimos os jogos do Flamengo pela Rádio Globo.”
Era Ronaldinho, que na Internazionale de Milão ganhou, anos depois, o apelido de ‘Fenômeno’.
Alguns, conhecemos à distância; outros, por suas histórias. Mas de tanto ouvi-los, temos a impressão de que foram ou são ‘amigos próximos’. Como Pedro Luiz, Edson Leite, Ary Barroso, Waldir Amaral, Fiori Gigliotti, Doalcei Camargo, José Silvério, Pedro Ernesto Denardini, Oscar Ulisses, Luiz Penido, Edson Mauro e tantos outros nomes ‘Eternos do Rádio Esportivo Brasileiro’.
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