:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::
O Brasileirão está em sua reta final e meu Botafogo já garantiu sua vaga na Segunda Divisão. O Vasco deve seguir o mesmo caminho e alguns torcedores, irados, apedrejaram a entrada social de São Januário. O VAR continua gerando dúvida e os estádios não tem previsão de serem abertos ao público. A polêmica da vez foi uma falha no sistema no jogo entre Vasco x Internacional! Os comentaristas continuam me irritando e até quando teremos Leonardo Gaciba como diretor de arbitragem?
O próximo campeão desse campeonato medonho não terá nada de novo para nos apresentar, assim como o campeão da Libertadores não teve. Continuo na torcida por Guardiola, que há anos vem remando contra a maré. Mas não estou com ânimo para falar sobre esse futebol atual, ainda mais depois do sábado especialíssimo que vivi ao reencontrar o lendário goleiro Manga, o maior que vi em toda a minha carreira. Está no Retiro dos Artistas acompanhado de sua mulher, a equatoriana Maria Cecília.
É difícil explicar às novas gerações quem foi Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, e todo aquele grupo espetacular do Botafogo, na década de 60, do qual depois, orgulhosamente, fiz parte: Paulistinha, Zé Maria, Nilton Santos, Ayrton Povil, Rildo, Garrincha, Didi, Amarildo, Quarentinha e Zagallo. Meu pai treinou esse timaço. Não quero desmerecer o Botafogo de hoje, mas me entristece demais ver toda essa história soterrada, manchada, tratada com desleixo. Ali, sentado, ouvi Manga reviver várias histórias que nem lembrava mais. Não usava luvas e chegou a jogar com dedos quebrados, cabeça rachada e diversos problemas físicos.
Não me peçam para comentar a vitória do Flamengo, me deixem mirar os dedos retorcidos de Manga e ouvi-lo contar sobre o dia que defendeu um chutaço de Nelinho com apenas uma das mãos. Manga foi campeão no Sport, Botafogo, Nacional, do Uruguai, Internacional, Coritiba, Grêmio e Barcelona, do Equador. É ídolo do Operário, de Mato Grosso. Me deixem pensar em Manga porque ele não dá para ser explicado. História linda, mas pouco reconhecida, o que não é de se admirar no Brasil.
Saí do Retiro com a alma aliviada e fui com os amigos Rodrigues e Leo Russo para o Bar do Helinho, ali perto. Helinho, esse mesmo, ponta ensaboado de Botafogo e Vasco. Pelo celular, falei com Edson, outro ponta do Botafogo. Daqueles que quando pegava a bola a torcida levantava. Por favor, não me peçam para falar do futebol atual, me deem uma trégua e me deixem sonhar.
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