por Paulo-Roberto Andel
Ele foi bom de bola. Passou pelo Brasil, pisou no histórico gramado da rua Javari e ainda viveu brevemente a Vila Belmiro de ninguém menos do que Pelé, já no fim da carreira de jogador. Antes, já tinha vivido a glória no Boca Juniors, Racing e Rosario Central.
Logo virou treinador, encantou a Espanha, passou pelo México, comandou grandes equipes mas sentou praça definitiva na Seleção Argentina, onde foi campeão mundial de juniores e profissionais, mudando os paradigmas do futebol em seu país para sempre. Com Menotti, a Argentina deixou de ser grande e virou gigante no futebol.
Seu trabalho encantou legendas atuais como Guardiola. E se a ditadura militar argentina fez das suas na Copa de 1978, não se pode esquecer de que, no fim das contas, a anfitriã tinha um timaço. Nomes como Fillol, Passarella, Galego, Ardiles, Kempes, Luque e Tarantini dosavam de forma equilibrada um time de alta capacidade técnica com muita raça. Sim, os militares portenhos foram escroques, mas aquele timaço não precisava de arranjo nenhum – e Menotti ainda deixou o menino Maradona de fora, considerando-o imaturo para o Mundial. Depois estariam juntos na equipe nacional e no Barcelona.
Menotti não fazia média. Apaixonado pelo futebol brasileiro – que lhe serviu de eterna inspiração profissional, contrariou dez entre dez conterrâneos e afirmou que Pelé sempre foi melhor do que Maradona – e isso não tirava o brilho do maior camisa 10 argentino da história, apenas colocava pingos nos is. E justamente por não ter papas na língua, o ex-treinador desceu a lenha na Seleção Brasileira ano passado, quando perdeu da Argentina jogando um futebol paupérrimo. Ele viu e viveu o Brasil da bola nos anos 1960, o que lhe deu um inquestionável lugar de fala.
Decidido, adepto do futebol ofensivo e técnico, firme em suas posições, Cesar Luis Menotti voltou a ser campeão mundial pela Argentina em 2022, como diretor de seleções. Foi o seu brilhante canto do cisne. Campeão do começo ao fim, eis um sujeito que fará muita falta a todos os que apreciam a antiguidade chamada de futebol-arte.
Foi um homem de conversa, lirismo e poesia misturados à bola. Cunhou muitos parágrafos e frases. Uma delas, que trata da importância do futebol coletivo e bem jogado, é definitiva: “O gol é um passe para a rede”.
@pauloandel
Menotti começou sua jornada épica de técnico campeão não no seu primeiro emprego como técnico (do Newell’s Old Boys), mas quando treinou o Huracán em 1973. Um mestre do futebol jogado com força na defesa e habilidade e efetividade no ataque. Um Maestro mundial. Vai com Deus, Flaco!
Muito boa crônica, exceto a parte que diz que a Argentina tinha um timaço que não precisava de arranjo nenhum, que não precisava da ditadura. Barra Maradona foi uma sandice comum em nossa terra e pelo visto na dele. Fato é que perderam para a Itália, suaram para empatar com um Brasil cambaleante e vergonhosamente, venceu fácil um time Peruano que até aquele dia, era de alta qualidade. Na final contra os países baixos, tomou uma bola na trave aos 44 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava 1×1 no tempo regulamentar e ai, na prorrogação, ganhou na raça conquistando o título que todo mundo já sabia que seria deles. Mas gostei assim mesmo do textp.