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MEDROSO? JAMAIS! CORAGEM NUNCA FALTOU

3 / março / 2024

por Fabio Lacerda

A semana começou com a celebração do aniversário do Zico, um dos 50 homens mais conhecidos da história da Humanidade. É verdade! O senhor Arthur Antunes Coimbra, com 71 verões às costas, tornou-se ídolo de todas as torcidas bem depois de pendurar as chuteiras. A afirmação é para você, fã do Museu da Pelada, e que poderá ratificar o escrito acima ao adquirir o livro “O efeito Zico – como obter índice de rejeição zero na sua profissão”, de autoria do jornalista e biógrafo de craques, Marcos Eduardo Neves.

Este texto não é para falar de Zico, e sim, do seu sucessor que conseguiu a proeza de ser ídolo de dois rivais da mesma cidade e um dos maiores jogadores da história do futebol mundial.

Em meados da década de 1980, aquele menino baiano, fala mansa, tímido, sensível, franzino no corpo, mas uma fortaleza como profissional para aguentar milhões de vozes o provocando, começou a fazer jus à fama de craque.

Bebeto passou por todas as provações que um jogador extrassérie poderia passar. Xingado pelos adversários e taxado de “chorão”, ele foi mostrando à imprensa e torcedores que o Flamengo poderia estar otimista quando Zico se aposentasse. Antes do adeus oficial de Zico, Bebeto teve a chance de jogar com seu ídolo e dar algumas voltas olímpicas com o camisa 10 da Gávea. Foi assim no Campeonato Carioca, controverso, em 1986, para variar, e na Copa União do ano seguinte.

Aquele jovem soteropolitano mais carioca que existe, habilidoso, rápido, veloz nos pensamentos e que jogava com dois toques na bola, já tinha casca para aguentar as cargas e pressões passionais dos torcedores rivais.

Bebeto nunca colocou “galho dentro” para zagueiros viris, agressivos e muitas vezes desonestos no fair play. Mas Bebeto não permitia que os “açougueiros”, com suas travas, o achassem. Sua capacidade de jogo era tanta que parecia ter dons da capoeira! Zagueiros procuravam, mas não encontravam Bebeto.

Em 1989, no decorrer da Copa América, que Romário leva a fama por ter feito o gol contra o Uruguai na final, numa jogada que o nascedouro sai dos pés do bom baiano, ele vinha sendo o melhor jogador do time de Sebastião Lazaroni. Foi protagonista por tirar o Brasil da fila de 40 anos sem levantar a Copa América. E além da sua coragem dentro de campo, trazendo a torcida para o lado da seleção no momento crucial da competição, Bebeto, da noite para o dia, ou do dia para a noite, deixou a Gávea rumo a São Januário no maior chapéu da história do futebol brasileiro juntamente com a ida de Ademir Menezes para as Laranjeiras ao sair do Vasco a pedido do técnico Gentil Cardoso – “Deem-me Ademir que lhes darei o campeonato”.

A efeito de comparação, a saída de Romário, do Barcelona para o Flamengo, em 1995, notoriamente, sensibilizou a torcida do Vasco. Porém, a ferida foi muito maior aos flamenguistas que viram e não acreditaram que o “sucessor do Zico” estava indo para o rival escolhido pelo Flamengo desde 1923. Bebeto, em ato de coragem, digno dos grandes campeões e grandes exemplos, não titubeou em sentir a ira rubro-negra.

A culminância desta fortaleza chamada Bebeto, campeão no Flamengo com Zico, e campeão no Vasco com Roberto Dinamite, deu-se na Copa do Mundo de 1994. Meses antes, Bebeto, que era o cobrador de pênaltis do La Coruña, negou-se a cobrar a penalidade contra o Valência no estádio Riazor que daria o primeiro título espanhol ao time azul e branco da Galícia, região pobre da Espanha no que diz respeito aos assuntos demográficos. Foi achincalhado, caracterizado com termos pejorativos que jamais couberam ao jogador pelo fato de não ter sentido à vontade para cobrar o pênalti naquela temporada 1993-1994 do Espanhol. Até nesta situação, Bebeto mostrou coragem. O defensor Djukic cobrou mal, perdeu o pênalti e viu o título escapar como grãos de areia entre os dedos. Se Bebeto tivesse cobrado, não tenho erro em dizer, seria filó.

Por mais que a imprensa, as torcidas dos mais diversos times e leigos metidos a entender de futebol quisessem taxá-lo de um jogador medroso ou mimado, Bebeto nunca se escondeu dos jogos, principalmente, os decisivos. E zagueiros que piscassem de forma lenta, era tarde! Bebeto já havia passado por eles, e a bola beijado a rede adversária.

Falar de Bebeto é homenagear o Galinho de Quintino também.

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