por Israel Cayo Campos
Há sessenta e nove anos ocorria a maior tragédia da história do futebol brasileiro.
Jogo final do quadrangular que decidia o título de campeão do mundo de 1950.
Copa do Mundo realizada no Brasil.
A Seleção Nrasileira vinha de “malditas” goleadas sobre Espanha e Suécia e só precisava de um empate contra o Uruguai.
Mais de duzentas mil pessoas no estádio do Maracanã torcendo por nossos jogadores. Recorde em finais de Copas até hoje!
Uma preleção cansativa e cheia de políticos querendo fazer fama em cima dos jogadores que enfim trariam a Taça Jules Rimet para o solo brasileiro.
Um primeiro tempo tenso. Mas que acabara sem gols, o que era suficiente para os brasileiros.
Logo aos três do segundo tempo, Friaça abre o placar e leva à loucura a torcida brasileira. O título era nosso!
Ouvem-se berros! Era Obdúlio Varela empurrando sua seleção mesmo com o placar adverso.
Uns tapinhas que viraram “bofetões” no imaginário popular no lateral Bigode.
O Brasil já se vê pela primeira vez campeão mundial.
É aí que aos vinte e um Varela rouba a bola e toca para Ghiggia. O Seu Alcides passa por Bigode e em alta velocidade chuta cruzado, Schiaffino aparece no meio da área para empatar.
O titulo continuava a ser nosso! Mas em um lotado Maracanã podia-se ouvir os gritos de Obdúlio.
Aos trinta e quatro Ghiggia tabela com Pérez e escapa de novo pela marcação na direita do ataque e avança para área.
Barbosa pressente a jogada que ocasionou o primeiro gol uruguaio e dá um passinho.
Ghiggia chuta. E se por sorte ou esperteza ela entra exatamente no espaço do canto esquerdo do gol de Barbosa. A Celeste virava o jogo.
Há uma lenda de que o torcedor brasileiro se calou após a virada uruguaia. Não fora bem assim!
A torcida empurrou o time que quase empatou em um chute que explodiu no travessão de Maspoli.
Mas aquele não era nosso dia. Pontualmente aos quarenta e cinco, o árbitro inglês George Reader apitava o final do jogo.
Jules Rimet que havia descido um pouco antes das tribunas do Maracanã para entregar a taça aos brasileiros ao descer ao gramado se assustara com os uruguaios comemorando.
Mais de duzentas mil pessoas em um silêncio funebre que se espalhou por todo o Brasil…
Alegres só os uruguaios! Bicampeões mundiais!
Os jogadores brasileiros cabiam os prantos e a vergonha.
Uma série de ataques injustos e complexos foram atribuídos a aquela geração.
O Goleiro Barbosa foi o que mais pagou!
Apesar de até 1950, aquela ter sido a melhor campanha do Brasil em Copas. Vencer era obrigação!
Mas a obrigação virou tragédia… Sessenta e nove anos depois, o “Maracanazo” ainda vive.
Mesmo depois de cinco Copas conquistadas!
Curioso ou não, nosso carrasco Alcides Ghiggia faleceu exatamente num dia dezesseis de Julho. Para que os brasileiros nunca esqueçam o seu nome.
Outros dezesseis de julho contra os uruguaios vieram e foram mais felizes.
Como a conquista da Copa América de 1989 nessa mesma data com um gol de Romário sobre a Celeste Olimpica.
Um título que não vinha a quarenta anos!
Mas não tem jeito. Dezesseis de julho é dia de “Maracanazo”. É dia da lembrança mais dolorida da história do futebol brasileiro.
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