por Victor Kingma
Entre tantas e justas homenagens pelo centenário do mestre João Saldanha, essa história lembra o seu lado irreverente e a malandragem futebolística, uma de suas marcas registradas. É uma de tantas passagens que tiveram como personagens Saldanha e um dos maiores gênios da bola.
No final dos anos 50, Garrincha estava no auge da carreira e era presença obrigatória em todos os jogos do Botafogo. Sem ele a cota reduziria pela metade.
Pois certa vez, num desses amistosos no interior, Saldanha, então técnico do time, era só preocupação. O motivo dos temores do bravo João era a fama de violento do lateral que marcaria Mané. Atendia pelo sugestivo apelido de Pezão e, diziam, era daqueles que davam pontapé até na própria sombra.
Ciente de que precisava fazer algo para preservar as valiosas canelas de seu craque, Saldanha mandou, então, um mensageiro procurar o truculento zagueiro com um recado:
– O homem está a fim de te levar para uns testes no Botafogo. O problema é que você é muito violento e seu João prefere jogador clássico, que só joga na bola, como Nilton Santos. Não vá desperdiçar a sua grande chance.
A estratégia deu resultado. Final do jogo: Botafogo 5 x 0, com três gols de Mané Garrincha, um deles passando a bola por entre as pernasdo “refinado” Pezão, que vivia repetindo nos botequins por onde passava:
– Qualquer dia desses, seu João vai me chamar… Seu João vai me chamar…
Jesus chamou primeiro.
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