por Mateus Ribeiro
Jorge Ben Jor é um dos grandes compositores da música brasileira. Algumas de suas músicas (não são poucas) versam sobre o futebol. E foi ouvindo uma de suas músicas que me inspirei pra escrever esse texto.
Enquanto refletia sobre os últimos anos da Seleção Brasileira, a música “Engenho de Dentro” começou a tocar na minha playlist. E sabe se lá o motivo, muitos trechos da música me fizeram lembrar de algumas coisas relacionadas ao time do Tite.
Pra início de conversa, eu acho que faltou alguém chegar no aclamado treinador falando que prudência, caldo de galinha e humildade não fazem mal a ninguém. A música versa que ao lado da prudência e da canja de galinha, dinheiro no bolso é bom. Eu não sou nenhum doutor em fofocas sobre a vida financeira de jogadores e treinadores, mas acredito que dinheiro no bolso não falta para ninguém que integra o quadro dos profissionais que representam o time da CBF. Quem sabe se a prudência viesse antes do dinheiro no bolso, os resultados fossem melhores…
Sabe, eu acho que se alguém da imprensa falasse pro nosso treinador que ele iria cair da bicicleta se não abandonasse toda a soberba, e abrisse mão de algumas convicções duvidosas, talvez o time fosse mais longe. Mas ao invés de fazerem isso, com medo do encantador de serpentes esquecer o guarda chuva, inúmeros comentaristas, narradores e entendidos trataram de levar o aparato para proteger Tite da chuva de críticas que ele poderia receber.
A sorte de quem ficou de fora do baile do Engenho de Dentro em Moscou pode dançar no Realengo em Catar, daqui quatro anos. E nem vai ser preciso jogar muita bola. Basta descolar uns bons contatos. E nem precisa se preocupar em dar bandeira, se alguém desconfiar, basta alguém vir com o papinho furado de que “jogador X estava sendo monitorado”. Até porque não existe nada mais produtivo do que assistir o Campeonato Ucraniano, né?
É, os caras não tomaram cuidado pra cair da bicicleta. E caíram. Falando em cair, o que dizer do camisa 10, que tem a cabeça de vento? Luxúria, fantasia, sonho e felicidade você encontra na cidade do Instagram que ele viveu durante a Copa. Mas dentro do campo, apenas enrolou e rodou a noite inteira. Aliás, rodou bastante, e virou piada mundial.
Ainda falando sobre o queridinho do futebol nacional, vale lembrar da declaração do nosso mestre Edu Gaspar, que afirmou ser difícil ser Neymar. Edu, que é um dos empregados da CBF, me fez lembrar o que disse o tiranossaurus REX: para acabar com a malandragem, tem que prender os otários. A turma de cima tem que ser presa mesmo. E o Edu só precisa parar de achar que somos otários.
E sabe o que a CBF quer? Ela quer um repeteco. Afinal, pra eles, a prudência e a canja de galinha pouco importam. O negócio é só o dinheiro no bolso mesmo. E daqui até o Catar, dá-lhe convocação esquisita, contratos milionários (e obscuros). Prepare a pipoca, pois vai ter muita conversa (fiada) falando que as coisas vão melhorar. E eles vão te enganar, utilizando boas campanhas em eliminatórias (o que deveria ser obrigação) como escudo. Depois de toda essa ladainha, vão te passar o rodo e te chamar pra dançar na Copa do Mundo. E a torcida, inocente que é, vai cair nesse papinho. Consequentemente, vai cair da bicicleta.
Mas e daí? O importante é o sucesso da CBF. O importante é enganar o torcedor com um jogo de palavras insuportável.
Os responsáveis por toda essa sujeira e derrotas dolorosas só se esquecem que a justiça uma hora vai chegar. Seja no campo, seja nos tribunais.
Ah, a justiça…
“…Ela continua oferecida
E sorridente
Chega sempre atrasada
Mas me deixa contente…”
De resto, não esqueça de levar seu guarda de chuva, tampouco de ser prudente na hora de deixar se enganar com o papinho de que o futebol brasileiro está mudando a mentalidade. Enquanto tivermos esses dirigentes corruptos, enquanto convocação foi feita no balcão de negócios, enquanto a imprensa blindar alguns (alô Marcelo, Coutinho, Tite e Neymar) e crucificar outros (salve, salve Fernandinho e Paulinho), não vai ser vitoria em cima do Equador ou da Sérvia que limpará a barra do nosso futebol.
Para finalizar, peço desculpas para Jorge Ben, por lembrar da matança do nosso futebol enquanto ouvia esse grande clássico.
Um abraço, e até a próxima.
0 comentários