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LUISINHO LEMOS, O DOS GOLS ENDIABRADOS DO AMÉRICA

3 / outubro / 2018

por André Felipe de Lima


De Andrada a Renato, goleiros que se notabilizaram no futebol carioca na primeira metade dos anos de 1970, a opinião era unânime quando perguntavam a todos qual o centroavante mais perigoso do momento: “Luisinho Lemos. Ele é um demônio. Corre, zanza, fustiga, chuta e cabeceia”. Que time não o queria no comando do ataque? O América foi o mais sortudo. Lusinho é, sem dúvida, o melhor centroavante da história do querido Alvirrubro, que voltou à primeira divisão carioca tendo como treinador o próprio ídolo.

Irmão de César “Maluco” Lemos e de Caio Cambalhota, Luisinho foi campeão da Taça Guanabara, em 1974; da Taça Rio, em 1982, e do Torneio Campeão dos Campeões, também em 82, defendendo com extrema devoção e amor as cores do seu querido América. Foi um jogador que não fugia do pau. Se o América tinha alma, ela se chamava Lusinho. Sem ele em campo, os gols escasseavam. Os números não mentem. Foram pouco mais de 300 gols que o consagraram como o maior artilheiro da história do clube da rua Campos Sales, na doce e incomparável Tijuca.


Quem deve ter lamentado muito foi o Fluminense, que o dispensou ainda juvenil. Telê e Pinheiro o treinaram. Luisinho “jogava” como ponta-direita. O “jogava” é entre aspas mesmo. Na verdade, jamais entrou em campo pelo tricolor. Apenas treinava. Foram dois anos (1968 e 69) infrutíferos. Por pouco não deixou para trás a ideia de ser jogador de futebol. Acabara de ingressar do serviço militar. Porém, jogando pelo time do Exército, a sorte parecia acenar para ele. Alguém do Vasco o viu batendo uma bolinha e queria levá-lo para São Januário. Lusinho topou, mas sob uma condição: manter-se amador. Talvez por receio de sofrer a mesma decepção que teve nas Laranjeiras, o jogador atuava apenas pelo time de aspirantes do Vasco, e com ele foi terceiro colocado da categoria em 1970.

Vendo que a situação do irmão não era fácil no Vasco, César o levou para o Palmeiras. No clube paulista, Lusinho tornou-se profissional, mas permanecia sem espaço. Como barrar o irmão, centroavante como ele e ídolo da torcida? Perambulou de forma fugaz pela Ferroviária. Voltou ao Parque Antarctica e, após uma transação com os cartolas palmeirenses, o César ficou com o passe do irmão, emprestando-o, em seguida, ao América.


Enfim, Lusinho teve o futebol reconhecido. Brilhou intensamente. Era tão ídolo quanto Edu, o irmão do Zico. O Flamengo o queria a todo custo, e conseguiu o passe do cabeludo e barbudão goleador. Pagou um cifra milionária. “Era dinheiro pra burro”, reconheceu Luisinho, que chegou à Gávea para formar dupla com o próprio Zico. Deu certo. Marcou 82 gols em 183 jogos. Média excelente. Mas não se sentia à vontade na Gávea. Certa vez, disse o seguinte ao repórter Lédio Carmona: “Os gols no América são muito valorizados. Aqui, nós marcamos um gol e somos considerados heróis. No Flamengo, por exemplo, o artilheiro faz três gols em um jogo e assim mesmo é fuzilado”.

Com a chegada de Cláudio Adão à Gávea, Luisinho foi perdendo espaço. Difícil para ele reconhecer que no Flamengo foi pouco valorizado apesar dos muitos gols que marcara. Afinal, desde garoto torcia pelo rubro-negro. Deu de ombros, superou a desilusão e seguiu seu rumo de volta ao América para levantar mais taças e marcar muito mais gols. Lá o valorizavam. Lá era ídolo incontestável. Lusinho já não era mais torcedor do Flamengo. Batia no peito o coração vermelho… vermelho do seu amado Mecão.

Luís Alberto da Silva Lemos, nasceu no dia 3 de outubro de 1951, em Niterói. Ah, o apelido “Tombo” nasceu como contraponto ao “Cambalhota”, do irmão Caio, e o América assim construiu o seu gigante artilheiro. A inesquecível legenda Luisinho Lemos.

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