por Rubens Lemos
O Liverpool tem nos pés aceleradores. É um time objetivo e sem afobação. Sua habilidade empolga o torcedor sem paixões babacas. É um Liverpool muito melhor que o de 1981, quando tomou 3×0 do Flamengo, goleada que poderia ter chegado ao dobro.
Em 1981, o Flamengo contava com uma estrela luzindo ao sol: Arthur Antunes de Coimbra. Zico chamou a responsabilidade de maior craque brasileiro, driblou ingleses até a quinta geração e brindou o público com lançamentos de longínquas jardas, sem erro, todos caíram nos pés do barroco centroavante Nunes.
Quem também comeu a bola naquela madrugada (no Brasil), foi o neguinho Adílio. O Liverpool tentou marcar Zico e liberou Adílio para criar e procriar em suas relações sexuais com a bola. Ele fez o segundo gol aproveitando um rebote. Em 1981, o título foi decidido em 45 minutos: 3×0.
O Liverpool de hoje dispõe do melhor goleiro do mundo, o brasileiro Alisson, fantástico nos reflexos, arrojado na saída aos pés dos atacantes, estupendo debaixo da trave exibindo defesas de cinema. O goleiro do Liverpool em 1981 era o frangueiro sul-africano Bruce Gobrelar.
Acabou a lenda prática de um futebol inglês cintura dura e baseado em chuveirinhos, pequenos cruzamentos sobre a área procurando atacantes enormes e desengonçados. Esqueça essa fase. O futebol inglês evoluiu.
No fim de semana, olhos para Liverpool x Watford, clube criado pelo artista Elton John, apaixonado por futebol. O Watford caiu na gaiola de domínio do Liverpool. A diferença técnica correspondia a uma viagem de Natal a Florianópolis de carro a 80 quilômetros horários. O Liverpool, um time. O Watford, um bando.
Partiu para cima e o gigante inglês forjou retranca e saiu em contra-ataques letais. No átimo, Sadio Mané (foto), o segundo melhor camisa 10 do mundo, só perde para Messi, arrancou e deu um passe perfeito a Salah, que bateu de chapa.
Não é fácil ganhar do Liverpool. É preciso dizer mais sobre Sadio Manè, assim, e craseado, encantador. É um negro banto puro de talento. Conduz a bola como se dela fosse proprietário. Seu repertório de fintas é infinito. Deixou de ganhar a Bola de Ouro porque com Messi não existe disputa.
Manè reúne em si, o brasileirismo do samba, da irreverência, da malícia, da improvisação criativa. Mané seduz. Parte para cima do zagueiro, freia e joga a bola para o canto livre, parecido com seu quase homônimo, Garrincha.
Os dribles paralisantes e o jeito de correr de Manè lembram Marinho Apolônio, um dos principais meias brasileiros da década de 1980 e ídolo no Bahia, no ABC e no América. Marinho jogava parecido com Manè e nós achávamos tão comum as exibições que fazia. Castigo. Em 200 anos, Jesus Cristo não nos enviará um novo Marinho que nos contentamos vendo Manè.
O Liverpool de Manè entra na galeria dos timaços europeus: Real Madrid de Puskas, depois de Cristiano Ronaldo, Barcelona de Messi e Iniesta, Ajax de Cruijjf, Bayern de Munique de Maier, Beckenbauer e Rummenige. Além da Juventus de Cabrini, Marco Tardelli e Paolo Rossi. O Liverpool pode até perder, mas já é história.
Mas
Olho no que diz o blog Betaway.com sobre o futebol inglês: “Alguns nem sabem que competição é essa (mundial). A história dos times ingleses em mundiais (tanto da “era moderna, reconhecidos pela Fifa, quando da “era Copa Toyota) tem muitas provas de que eles não levam a competição muito a sério”.
Bêbados
Hoje não é segredo para ninguém que os Reds (Liverpool) chegaram completamente despreparados para a partida. Alguns jogadores até já admitiram ter bebido na viagem de 24 horas para o Japão, e nenhum deles fazia a menor ideia de quem iam enfrentar.
PSG
O PSG Natal Sub-15 de Natal ganhou o título inédito do Pro Experience, torneio realizado no Centro de Futebol Zico (CFZ) para jovens entre 14 e 16 anos. A competição reuniu cerca de 120 participantes de outras cidades como São Paulo, Brasília, Recife, Salvador, além do Rio de Janeiro, sede do campeonato. Destaque para Duda, autor dos principais gols. Wendell Melo e Ewerton Cortez estão de parabéns junto com os companheiros de equipe.
Wallyson
Falta de aviso não foi. Wallyson está noutra biosfera. Como profissional não pode jogar amistoso, avisando ou não à diretoria, corrijo-me, confraria de CDFs do ABC.
Desmotivado
Para Wallyson, é desanimador jogar uma Quarta Divisão, tendo participado de Libertadores. Natural.
César
Um dos melhores volantes do país foi César Sampaio, do Santos e Palmeiras. O América trouxe um homônimo, da mesma posição. Que já tinha passado por lá e não deu certo.
Entrevista
A do presidente ABC aqui na Tribuna gerou fisgada do Frasquerino da Parada de Ônibus Metropolitana: “Não se comenta o nada.”
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