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LÉO BATISTA, INTERMINÁVEL

19 / janeiro / 2025

por Paulo-Roberto Andel

Várias vezes por semana, eu volto a onze, dez ou oito anos de idade por alguns segundos ou minutos, só para lembrar de histórias e histórias de garoto, possivelmente a melhor época da minha vida. E ser garoto para mim era ter esportes por perto, praticando ou acompanhando.

Quando estava em casa de folga, a TV era uma distração. Os esportes. Os meus contemporâneos, todos perto dos sessenta anos hoje, tinham como referências na TV o Esporte Espetacular e o Globo Esporte. Em ambos, a voz de Léo Batista era a referência para nós. E olhe que ele vinha de muito antes, dos anos 1940!

Narrou a triste final da Copa de 1950, sem conseguir transmitir – fato que o entristeceu para sempre. Foi o primeiro jornalista a noticiar a morte de Getúlio Vargas. E já experiente, colonizou o jornalismo esportivo na TV brasileira, sem deixar herdeiros mas com certeza influenciando centenas de profissionais.

Volto aos treze anos, lá está a voz de Léo Batista no Globo Esporte e nos gols do Fantástico – um jogo à parte, que passava de verdade todos os gols de todo o Brasil.

A voz interminável ecoou por anos, anos e décadas até que hoje encontrou o silêncio. Mas nenhuma história é representada por seu final, e com 70 anos de carreira as histórias de Léo Batista são muito grandes para caber num livro.

Neste caso a história é de uma voz familiar, que sempre esteve dentro das nossas casas. Uma voz inesquecível.

Agora, Léo Batista se junta a outros grandes nomes do jornalismo esportivo brasileiro, como Jorge Curi, Waldir Amaral, Fiori Gigliotti, Celestino Valenzuela e, tantos, tantos outros craques que, com suas narrações, fizeram a crônica do esporte brasileiro na alegria e na tristeza, mas dúvida na vocação para a eternidade. O que difere Seu Léo de todos os demais é que nenhum foi tão longevo quanto ele, trabalhando com alta qualidade praticamente até o fim.

O Seu Léo, que agora deixa tanta saudade num domingo cinza, é o mesmo que por muitos anos abraçava minha mãe e a chamava de Lurdinha me Copacabana. Mais do que uma voz, o abraço também é um desenho da saudade.

Agora eu vou para os 57 anos, e pela primeira vez em minha vida vou estranhar o silêncio de Léo Batista.

Felizmente, fica uma história gigante!

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