lendas da areia
texto: André Mendonça | fotos: Marcos Tristão | vídeo e edição: Daniel Planel
Houve um tempo em que o futebol de areia era muito mais do que um simples esporte. Curiosos se espremiam no calçadão para ver belos duelos, após o apito final a resenha era completa e existia uma grande identificação dos jogadores com os times, que se tornavam verdadeiras famílias. Por essas e por outras que estamos sempre querendo ouvir craques que fizeram história naquela época, como é o caso de Neném, Magal e Benjamin.
Após muitas tentativas, conseguimos reunir o trio bom de bola graças ao parceiro Guilherme Careca, que fez o meio-de-campo para a gente. Em um dia agradabilíssimo no Leme, os craques bateram um papo para lá de divertido com direito à troca de elogios e saudosismo.
– Foi a maior satisfação jogar ao lado do Magal, ele sempre foi um paizão para mim. Pegamos a época verdadeira do futebol de praia, de 11 mesmo. Hoje o futebol de 11 não é a mesma coisa – ressaltou o artilheiro Neném.
Nascido e criado no Leblon, Magal começou jogando pelo bairro e tinha como referência o Columbia, time do bairro e onde jogava seu irmão Roberto. Por ser mais novo, revelou que costumava ficar atrás do gol assistindo aos craques como China, Feijão e Lauro, seu ídolo, que virou até peça de botão na sua mesa.
Vale destacar, no entanto, que Magal se arriscou no futebol de campo antes de se tornar um ídolo com os pés na areia.
– O Júnior havia me levado para jogar futebol em Torino, na Itália. Em 94 surgiu a oportunidade de jogar um campeonato de praia. Eu já tinha a experiência no Beach Soccer e fiquei conciliando as duas atividades, sempre lá e cá. Em 98, voltei para o Rio e comecei a dar sequência na areia.
Neném, por sua vez, revelou que seu grande sonho era ser jogador de futebol de campo, mas o comodismo e a facilidade falaram mais alto:
– O Leme representa tudo na minha vida. Fui nascido e criado aqui no Morro da Babilônia e em poucos minutos já estava na areia. Queria jogar campo, mas a facilidade de chegar na areia era grande.
Quando a resenha já rolava solta, o craque Benjamin chegou para dar aquele reforço. De acordo com ele, o Leme é o quintal da sua casa e ter feito parte dessa geração de Magal e Neném é um baita privilégio.
Ao ser colocado em uma verdadeira saia-justa por Sergio Pugliese, que perguntou quem seria escolhido primeiro (Magal ou Neném), o craque titubeou, mas não ficou em cima do muro.
– Neném é meu irmão, escolheria ele por isso. Mas o Magal foi o melhor de todos os tempos, eu ia à praia só para vê-lo!
No fim da resenha, com autoridade para se vangloriar, Neném disparou:
– Para carregar a bola na areia só tiveram três: eu, Magal e Benjamin.
Quem viu, viu!
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