por Elso Venâncio, o repórter Elso
A falta de equilíbrio do português Bruno Lage, técnico do Botafogo, merece reflexões. No primeiro tropeço em casa, ele coloca o cargo à disposição e cria uma crise que não havia no clube.
Lage assumiu o comando há menos de dois meses e afirma que se sente pressionado. Como assim? Pressão, numa equipe líder, com dez pontos à frente do segundo colocado e a situação sob controle?
Se pensasse em sair, deveria procurar a diretoria e não tornar público um assunto que passa a ser um convite para possíveis desdobramentos. Ele já dirigiu o Benfica, tem quase 50 anos de idade e se dizer ansioso pela responsabilidade de ganhar um título, o do Campeonato Brasileiro, aguardado pela torcida há 28 anos, demonstra o tamanho do seu descontrole.
A insatisfação, ao contrário do que ele disse, não é com o elenco, mas, sim, com os equívocos que ele próprio vem cometendo. O Botafogo se posicionava sem dar espaços e saía com força e velocidade impressionantes no contra-ataque. É fundamental manter essa estrutura do time. Di Plácido fora? O Flamengo ganhou o jogo pelo lado esquerdo, seu mais forte setor, com Ayrton Lucas, Gerson e Bruno Henrique, superando o garoto JP Galvão, mal improvisado, e Matias Segovia. As fortes jogadas pelas pontas desapareceram. Tchê Tchê testado como ponta??? Bruno Lage não reconhece os seus erros.
Não dá para entender, ainda, a crescente preocupação do Botafogo sempre que enfrenta o Flamengo. Os rubro-negros é que carregavam essa compulsão, nos anos 60 e 70:
“Fui à feira com a patroa e gastei o bicho” – brincava o lendário goleiro Manga, nas vésperas do clássico.
Tendo Garrincha, Didi, Nilton Santos e Cia., e depois a geração de Gerson, Jairzinho e Paulo Cezar Caju, a expectativa de vitória era grande:
“Nosso maior rival é o Botafogo” – afirmava Antônio Augusto Dunchee de Abranches, o presidente campeão do mundo, em 1981, pelo Flamengo. “Não admito perder para eles” – completava.
A torcida do Botafogo, que hoje contesta bastante o comandante português, vem dando um show à parte. Ingressos esgotam-se rapidamente. Lamento o descaso com o torcedor. Jogo às 21h, em um sábado, no Estádio Nilton Santos, é uma afronta a quem paga ingresso. Não apenas pelos horários malucos. Qualquer desatualizado ficaria surpreso com algumas perguntas:
“O Vasco não pode jogar no Maracanã?”
“Nem em São Januário?”
“O Maracanã está fechado por causa do gramado?”
“Os clássicos, agora, são disputados aos sábados?”
“Técnicos portugueses dominam o Campeonato Brasileiro?”
“O auxiliar do Sampaoli agrediu o jogador Pedro, do Flamengo, no vestiário?”
“A CBF quer um italiano dirigindo a seleção brasileira?”
Para concluir, uma constatação: faltam dezessete rodadas e o Botafogo está com a mão na taça. Só perde a competição caso continue imaginando crises que não existem.
Caro Elso ótimo artigo,sou botafoguense e digo se perder esse campeonato,será para si próprio, pois o Luiz Castro deixou td bem organizado,portanto é só não inventar e seguir o roteiro, mas aqui é que mora o perigo.