BOLA PRA FRENTE
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | vídeo e fotos: Daniel Planel
Com um currículo invejável para qualquer jogador do planeta, ninguém duvida que o lateral Jorginho tenha sido um craque dentro das quatro linhas. Campeão mundial, brasileiro, carioca, alemão e até japonês, o vitorioso ex-jogador também se destaca fora dos campos, gerenciando o Instituto Bola Pra Frente, em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro.
Nascido e criado na comunidade que cerca o projeto social, o craque revelou que muitos dos seus amigos se perderam no mundo do tráfico e esse foi um dos grandes motivos para a fundação do instituto.
– Aprendi a jogar bola aqui em Guadalupe. Cheguei de Cascadura com oito anos, vi todo o crescimento da criminalidade e reparei toda a necessidade dos moradores daqui! disse Jorginho, para logo em seguida citar Catanha, seu segundo pai e “um cara que ajudava muito as pessoas”.
De acordo com o ex-lateral, Antônio Carlos, o Catanha, foi um dos maiores responsáveis pela sua formação pessoal e profissional. Quando Jorginho perdeu o pai, com apenas dez anos de idade, foi ele quem adotou e passou grandes valores ao menino que se tornaria campeão mundial 20 anos depois.
O fato a se lamentar é que a convivência com Catanha durou pouquíssimo tempo, mas o suficiente para se tornar uma das pessoas mais importantes na vida do craque. Aos 13 anos, Jorginho recebeu a notícia de que Catanha havia sido atropelado na Avenida Brasil.
– Ele me ajudou muito a lutar pelos meus objetivos e meus sonhos. Ajudava muita gente, estava sempre preocupado com isso e eu herdei isso dele. Ele me motivou a desenvolver o Bola Pra Frente.
Vale ressaltar que o “segundo pai” de Jorginho morreu enquanto carregava uma baliza para as crianças e, por isso, na entrada do instituto tem uma estátua em homenagem a Catanha com o material transportado pela vítima.
– Eu não queria me desfazer desse material e quando construí o Bola Pra Frente tive a ideia de fazer essa homenagem – revelou.
Um dos “gols” mais bonitos da vida de Jorginho, o instituto foi fundado em 29 de junho de 2000 e de lá para cá ajudou na formação de milhares de crianças através de educação, esporte e cultura.
Após uma verdadeira aula de Michelle Arruda, gerente de projetos e pedagogia, e David Paz, gerente de marketing, entendemos melhor a forma de atuação do Bola Pra Frente e descobrimos que 600 crianças de 6 a 17 anos estão matriculadas atualmente, com um atendimento diário de 183 alunos.
Nada disso seria possível, no entanto, sem o apoio de Carlos Oliveira, amigo de infância do lateral, diretor executivo do projeto e pai do David. Sempre ao lado de Jorginho, Carlos não conteve as lágrimas ao rever um quadro do craque levantando a taça de campeão do mundo,
– Eu vi desde o início e sabia que ele chegaria lá. Sempre foi muito determinado, perdeu muita festa com os amigos, com a família, mas realizou seu sonho!
Em seguida, guiados por Jorginho, fomos conhecer as instalações do Bola, ouvir suas histórias da infância e fechamos o memorável encontro com um saboroso almoço no próprio instituto!
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