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JOGAVA DE “TEIMOSO”

16 / abril / 2024

por Ivaneguinho

por Alex Ribeiro

“É CAMISA DEZ DA SELEÇÃO! DEZ É A CAMISA DELE, QUEM É QUE VAI NO LUGAR DELE? DEZ CAMISA DEZ DA SELEÇÃO…”

Segunda-feira, pela manhã, já havia terminado a minha caminhada, resolvi passar na Sapataria Alzira, aqui em Santa Cruz, pertencente ao meu amigo, vascaíno “sadio”, Francisco. Um dos grandes admiradores e incentivadores do meu futebol, principalmente quando eu, ainda com 17 anos, jogava no Piranema.

Lembro que precisava comprar um sapato social marrom, número 37, dificílimo de encontrar. Escasso! Contudo, ele sempre resolve essas situações e faz pra mim um precinho camarada. Enquanto ele pediu um dos seus funcionários para ver se encontrava no estoque, fiquei observando uma família jovial, constituída do papai, mamãe e um filho com idade aproximada de uns 8 anos de idade. Os pais pareciam orgulhosos e otimistas. Compraram quase todos apetrechos que fazem parte do uniforme de atletas de futebol. Chuteiras, meiões, caneleiras, bola… Só não comprou calções e camisas, porque já estavam vestidos a caráter. Camisas Cruzmaltinas!

Gostando da iniciativa dos pais, aproximei-me e passei a ouvir o assunto futebolístico. Aproveitei uma “brecha”, e disse para o meu amigo Francisco:

– Hoje as coisas estão mudadas. Antigamente, a molecada primeiro jogava descalço para pegar intimidade com a pelota.

A primeira vez que eu coloquei chuteiras para jogar (treinar) estava com quatorze pra quinze anos. Jogava no Infanto do Oriente, quando o nosso técnico Atanásio anunciou:

– Semana que vem, todos tragam chuteiras, pois iniciaremos nossos treinos calçados.

Lembro que o nosso Infantil tinha diversos “craquinhos”: Lúcio, Valtinho, Bigure, Quinha lateral, Noel também era lateral, Paulo Ruço, Djalma, Zigriu, Mário, Canarinho, Antônio e outros. Porém, naquele dia, só quem desenvolveu o seu futebol e se sentiu à vontade foi o Antônio, ponta-direita e um dos mais novos entre nós.

Curioso e impressionado, indaguei ao menino:

– Você joga em qual posição?

Respondeu-me prontamente que era atacante. Diferentemente do meu tempo, quando se faziam essa pergunta, o garoto ou os garotos, respondiam: meia-direita, meia-armador, centroavante, lateral-esquerda ou direita, alfo direito, beque central, quarto zagueiro,… Sorri-lhe, desejei boa sorte, fingi que me afastaria, fiz pose atleta, andei para um lado e para o outro e “emendei” para o guri:

– Adivinha de que eu jogava?

Ele me olhou de cima embaixo e “soltou”:

– Lateral!

Brincando com o pirralho, Eu ri e respondi:

– Não. Errou! Eu jogava de teimoso! Eu era amigo do treinador e irmão do dono da bola!

Todos, sem exceção, riram! Sem mais, nem menos, o Francisco “tomou” a palavra e passou a proferir pra mim:

– Ele está brincando. Ele jogava demais. Acompanhei a trajetória dele lá no Piranema, quando ele tinha apenas 17 anos…

Daí passou a me elogiar para os fregueses, dizendo o que eu fazia com a bola no campo. Até eu duvidei:

– Será que eu jogava assim mesmo?

Amenizei-me, pois recordei das palavras do Ratinho do Guanabara. Cracaço. Um dia ele disse-me as mesmas coisas do Francisco, e até mais! O Francisco falou tanto do meu extinto futebol, que somente um fã, um admirador e, acima de tudo, um amigão pode apreciar. Palavras tais, eu ouço dos meus irmãos e do meu cunhado Tico. Outrora ouvia do meu pai! Abaixei a cabeça e discretamente, com o olhar abaixado, eu espiava a família, que me olhava com encantamento!

INCOMUM: NUNCA COMPREI UMA CHUTEIRA. CERTA VEZ, GANHEI UMA COM TRAVAS, QUE O SEU NASCIMENTO ME PRESENTEOU. EMPRESTEI-A AO “CB MARÇAL” QUE NUNCA MAIS DEVOLVEU-ME!

IVANEGUINHO, O PELADEIRO!

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