por Valdir Appel
Baixinho, bochechudo, de bigodinho aparado, chapéu de palha para proteger a calvície do sol, e dono de um humor sarcástico e afiado, o treinador João Avelino parecia uma figura chapliniana comandando suas equipes.
Montou o primeiro time do Ceub de Brasília para a disputa do campeonato brasileiro de 1973.
Cabia ao jogador identificar um elogio por trás das palavras duras e das críticas que ele fazia constantemente.
Era dado a comparar de forma pejorativa um atleta seu a outro mais famoso:
– Pelé perde pra você! Se você continuar chutando assim, vai matar o goleiro… de raiva!
– Vaii cabecear assim na casa da mãe Joana!
Suas provocações davam resultado, mexiam com os brios dos jogadores que se superavam.
Quando o estádio Mané Garrincha estava prestes a ser inaugurado e alguns treinos foram permitidos para reconhecimento do gramado, um repórter pouco experiente foi entrevistar João Avelino:
– Seu João, o que o senhor está achando do gramado?
João se abaixou, colheu e mastigou um cadinho de grama, e respondeu:
– Verdinho, macio e azedinho, meu filho!
O mesmo incauto repórter:
– Seu João, como é que o senhor está vendo o jogo?
– Com os olhos, meu filho, com os olhos!
João Avelino Gomes, mais conhecido apenas como João Avelino ou como 71, foi um treinador de futebol brasileiro, que se destacou principalmente por suas passagens em dois clubes da cidade paulista de São José do Rio Preto: o América-SP e o Rio Preto. Wikipédia
Nascimento: 10 de novembro de 1929, Andradas, Minas Gerais
Falecimento: 24 de novembro de 2006
Quando eu conheci João Avelino na Comendador Souza na sua residência,perguntei : professor o que o Senhor achas do Jogador Evair? Só conheço o legítimo mas é IVAIR, não Evair, dai mudou de assunto na hora por achar que eu fosse algum jornalista.
J. Avelino. Que saudade, não dele, mas desse tempo. 71 que renovava nossas esperanças toda semana. 71 que mandava os jogadores subirem e descerem a arquibancada do estádio, tapando a narina esquerda para fortalecer o pulmão direito e, depois, a direita, para fortalecer o pulmão esquerdo. Como acontece comumente com os técnicos de futebol, a torcida nunca sabia e nunca soube, se ele era competente ou não, honesto ou não, mas, apesar disso, era nossa esperança toda semana. Hoje, com 82 anos, recordo isso tudo, com carinho e a tristeza de ver meu América de Rio Preto respirando por aparelhos e o 71, sem condições de renovar nossas esperanças semanais.