por Elso Venâncio, o repórter Elso
O futebol brasileiro mudou. E para pior, já faz bom tempo.
Com a carência dos talentos em campo, os técnicos passaram a ter mais importância do que tinham. O melhor exemplo é Fernando Diniz, que conquistou domingo o bicampeonato carioca. O Fluminense joga o melhor futebol do país e, desde o seu início, no Audax, o treinador já mostrava que seus times têm um propósito e jogam ofensivamente. Diniz prova que não precisamos de portugueses ou europeus. Isso é moda, logo passa.
O Flamengo começou e perder o Carioca quando a comissão técnica se recusou a ter facilidade para vencer na Libertadores, ao preferir escalar reservas na estreia da competição. Inegável que o clube tem elenco, mas não técnico. Já o Palmeiras, bicampeão paulista, tem elenco inferior, mas tem técnico.
João Ferreira, o ‘João Grandão’ da Rádio Capital, me ligou de São Paulo para lembrar que os jogadores do Corinthians chegaram a comemorar com um churrasco a saída do português Vitor Pereira. Não duvido que aconteça o mesmo agora no Ninho do Urubu ou na Gávea.
O momento hoje é outro. Os grandes craques faziam a diferença e tinham personalidade. Vicente Feola, campeão do mundo em 1958, era bom de garfo e, nos jogos à tarde, acabava fotografado cochilando no banco. No Santos de Pelé, Lula dirigiu o time na maior calmaria por mais de 10 anos.
Tostão conta em um de seus livros que, em um amistoso da seleção na Europa, os jogadores se reuniram no centro do campo e, com a liderança do ‘Canhotinha de Ouro’ Gerson, trocaram posicionamentos e o esquema. O técnico era ninguém menos que Zagallo, que na coletiva não passou recibo. Falou do resultado positivo dizendo que mexeu taticamente. À noite, no hall do hotel, conversou com Gerson madrugada adentro.
Na vida, onde a renovação é constante, saber se relacionar é uma arte. Por que a CBF pensa em Carlo Ancelotti, aos 64 anos de idade, se Diniz dá fortes sinais de que pode resgatar o verdadeiro futebol brasileiro?
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