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IMORTAL ATÉ QUANDO NOSSO FUTEBOL MERECIA

20 / janeiro / 2025

por Zé Roberto Padilha

Não era apenas o futebol praticado no país que exalava arte. Sua magia se expandia para os jornais, com Nelson Rodrigues e Armando Nogueira escrevendo colunas que eram verdadeiras poesias. A arte também contagiava as transmissões esportivas, onde João Saldanha dava moldura ao que assistia e descrevia com maestria.

Léo Batista fazia no Globo Esporte o que Luis Mendes e os Apolinhos faziam no rádio: transformavam o esporte em um instrumento mágico de interação com os torcedores. Lá em casa, o almoço era servido antes ou depois do Léo Batista.

O futebol brasileiro era uma religião, e os estaduais eram mais importantes que qualquer competição nacional. A Taça Guanabara, por exemplo, sempre bateu recordes de público e renda.

Com o tempo, nossos craques partiram para a Europa e só retornavam um ano antes da aposentadoria. Assim, encheram nossos clubes de idade e levaram para Brasília e Cariacica o que antes era jogado no quintal da nossa casa.

Léo Batista, como qualquer amante do nosso futebol, estava cansado de noticiar a vinda de Coutinho e a partida de Luiz Henrique. Dos meninos de Xerém que nos deixam a cada dia enquanto o Fluminense insiste em trazer Renato Augusto e anuncia o retorno de René, dispensado pelo Flamengo.

Para quem se orgulhou de apresentar à nação os gols de Vavá, Ronaldo e Careca, ter que anunciar a escalação de Carlinhos no comando do ataque do Flamengo, ou Lelê no Fluminense, era um fardo difícil de carregar.

Portanto, não cobrem lucidez dos jornalistas que hoje inundam as mesas redondas. Não há fragrâncias exaladas dos campos que os inspirem como antes, quando tínhamos a presença e a voz de Léo Batista.

Ele foi imortal enquanto a hegemonia do futebol brasileiro merecia sua presença.

Descanse em paz.

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