por Elso Venâncio
Dois ídolos que todos admiram: Pelé e Zico. Além disso, dois seres humanos de uma simplicidade ímpar, um carisma que impressiona a todos e a qualquer um.
São dois ‘Reis’: Pelé, no Santos; Zico, no Flamengo. E ninguém é ‘Rei’ por acaso. Ouvi, certa vez, um comentário do Rodolfo Landim, presidente rubro-negro:” Zico é de outro mundo. Que cara sensacional!”. Mas confesso que gostaria de ver um ídolo negro indiscutível no clube mais querido do Brasil”.
Ora, Leônidas da Silva foi o primeiro ídolo do nosso futebol. Os negros eram proibidos, até os anos 30, de jogarem nos grandes clubes. Leônidas, o homem que popularizou a bicicleta, era unanimidade nacional. Desfilava de carrão importado e namorava as filhas de famílias ricas e tradicionais da cidade.
Na época o Brasil tinha três ídolos: Getúlio Vargas, o Presidente da República; Orlando Silva, ‘O Cantor das Multidões’; e Leônidas da Silva, o ‘Diamante Negro’. Por sinal, foi ele quem emprestou seu apelido ao chocolate. A Lacta criou o produto em sua homenagem e ele foi o garoto-propaganda, aliás o pioneiro nessa atividade, entre os atletas. Foi também o primeiro ex-jogador a se tornar comentarista esportivo e ter contribuído de forma direta para o aumento gigantesco da torcida rubro-negra.
Conversei com o biógrafo do Didi, Péris Ribeiro, um historiador da minha cidade, Campos dos Goytacazes, sobre a falta, nas últimas décadas, de um grande ídolo negro – ou preto, como costumam dizer os próprios – no Flamengo. Passaram pela Gávea, além de Leônidas, Domingos da Guia, Zizinho, Junior e Adilio, entre outros. Em dois momentos imaginei que isso se tornaria realidade. Nos anos 60 chegou Silva, o ‘Batuta’, com o clube buscando um astro, já que Dida tinha parado e Gerson havia sido comprado pelo Botafogo.
Silva passou por clubes de massa, como Flamengo, Corinthians e Vasco. Fez tabelas com Pelé no Santos e com Zizinho – este, em fim de carreira – no São Paulo. Contudo, ficou apenas dois anos na Gávea: 1965 e 1966. Era um cigano da bola.
Voltou ao Flamengo em 1968, para mais duas temporadas. No Estádio Presidente Perón, do Racing, em Avellaneda, Argentina, há um pôster gigantesco na entrada com os dizeres: ‘El Ídolo Machado da Silva’. Vale dizer que o nome de Silva era Walter Machado da Silva.
Em 1972 Paulo Cezar Caju foi indicado por Pelé como seu substituto. Acabou sendo contratado a peso de ouro pelo Flamengo. Péris Ribeiro faz, então, uma volta no tempo:
– Pensei que o Flamengo teria o seu Pelé. Paulo Cezar Lima, o Caju, um dos maiores do nosso futebol, ficou pouco mais de dois anos no clube. Foi descartado, negociado como Silva, em 1974. Paulo Cezar, que foi campeão carioca em 1972 assim como Silva havia sido em 1965, se tornaria o primeiro brasileiro a ser destaque na França, jogando no Olimpique, de Marselha.
Aliás, o grande livro da literatura Esportiva do país é ‘O Negro no Futebol Brasileiro’, de Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues. Esta obra é leitura mais do que obrigatória para quem gosta e estuda o futebol. E futebol tem tudo a ver com negros. Porque são os negros que têm ginga, malemolência, mais do que muitos brancos. E nosso país é formado por uma miscigenação de brancos, índios, negros, pardos, caboclos, enfim.
Viva os negros, como Pelé, Didi, Eusébio, Drogba, Pogba, Mbappé, Barbosa, Thuram, Obdulio Varela, George Weah, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e tantos outros. Sem eles, o futebol não seria o que é. Nem nós, o que somos.
Vida longa a estes deuses do futebol.
O futebol está perdendo a unanimiidade justo pela falta do estilo negro, e a concorrência é forte jaja vista ÑBA com seu modo globetrotters…
Sim,os afro-descendentes dominam uma inteligência que rege os esportes com uma qualidade acima da média,seja aqui na França, Alemanha ou quer país do planeta.