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ÍDOLO IMORTAL

14 / junho / 2019

por Wendell Pivetta


Fernando Lúcio da Costa, mais conhecido como Fernandão (F9), é o cara que qualquer colorado sente dor no coração, faz escorrer uma lágrima pelo olho e bater com força no escudo da camisa do Sport Club Internacional com o pensamento que o eterno capitão honrou a camisa do colorado dos pampas. 

Nascido em 18 de março de 1978, tendo sua formação para o futebol profissional nas categorias de base do Goiás, o atacante de 1,90m, destro e de cabeceio potente passou pelo futebol francês (Olympique de Marseille e Tolouse, entre 2001 e 2004) antes de defender o Clube do Povo. Em 2004, aos 26 anos, chegou ao Beira-Rio em uma contratação feita especialmente pelo ex-presidente Fernando Carvalho. Na época que Fernandão estreou pelo clube eu era jovem, tinha meus 9 anos e ainda não ganhara minha camisa do Inter. Meu pai e meu avô eram colorados, mas não forçavam em tentar me fazer do Inter, então não me apoiavam em torcer, apenas ligavam a TV. Eu já havia pegado gosto pelo clube e cada vez mais me envolvia com o futebol, e meu amor só aumentava, ainda mais quando via a frase: “O Clube do Povo do Rio Grande do Sul” ou ” OClube que ergueu seu estádio sobre ás águas do Guaíba”. Era magnífico ouvir estas histórias e ver o clássico gre-NAL que naquela fase tinha o rival rebaixado.

Quando vi a chegada de Fernandão foi logo pela TV, na escalação dele na linha de frente no clássico gre-NAL 360 vencido por 2 a 0 pelo Inter, no Beira-Rio, pelo Brasileirão. O F9 foi chamado do banco de reservas pelo então técnico Joel Santana, o atacante entrou no segundo tempo e fez uma estreia de gala. Aos 33 minutos, aproveitou um cruzamento de Élder Granja vindo da direita e cabeceou de forma convicta para colocar a bola no cantinho direito, sem chance para o goleiro Tavarelli. Fernandão ajoelhou-se no gramado e eu pulava de faceiro, era diferente ver o Fernandão jogando pois ele assumia de certa forma a responsabilidade e se destacava na impulsão, marco imprescíndivel que logo na sua estréia o coroou com o gol 1000 do Gre-Nal! O feito rendeu até placa comemorativa que foi fixada no vestiário do Gigante da Beira Rio.

Naturalmente o capitão foi assumindo sua titularidade e braçadeira, sempre se saindo bem em suas entrevistas respeitando o adversário, comandava a esquadra vermelha para muito além do possível, unindo um time que pintou o mundo de vermelho, e que treinou e ensinou outro craque a ter mais responsabilidade e amor pelo clube: D’Alessandro. A campanha de 2006, depois de um Brasileiro ridículo e marcado pelo roubo, fortaleceu ainda mais o grupo por algo maior, e a Libertadores veio após uma final inesquecível contra o poderoso São Paulo. O atacante desempenhou o fino futebol e foi o artilheiro do time, com cinco gols. Na finalíssima contra o São Paulo, no memorável dia 16 de agosto, coube a Fernandão a honra de abrir o placar, e a imagem da emoção estampada no seu rosto na comemoração segue cristalina na memória de todos, ainda mais da minha, que o olhou em uma TV minúscula, o frio era de quase 0 graus, mas nada me impediu de pular e comemorar a taça de pijama. É inenarrável retratar a minha alegria após este jogo. Quatro meses e algumas horas depois, em 17 de dezembro, o eterno capitão protagonizou o momento mais sonhado por qualquer colorado. Na distante Yokohama, no Japão, o ídolo ergueu sobre a cabeça o troféu do Mundial de Clubes FIFA. Ao vencer o poderoso Barcelona por 1 a 0, com gol de Adriano Gabiru, o Inter encerrava o ano no topo do mundo. Ninguém no planeta era páreo para o Colorado dos Pampas! E, mais uma vez, Fernandão foi fundamental. O Sul calava o mundo, e o Clube do Povo recebia, no Beira Rio, Fernandão com a taça na mão para cantar com os colorados presentes “Vamo, vamo, inter…”

O que este cara fazia era muito além do que um clube poderia contar. Capitão de verdade, respeitador e respeitado, marcou eternamente a minha vida e a de todos os colorados. Fernandão ainda foi treinador do Internacional, com passagem curta, mas sempre admirado. Acabou falecendo cedo, e de forma trágica, o que todos sabem. Ganhou estátua no Beira Rio, mas ganhou a eternidade na memória de todos que viram sua passagem pelo clube, principalmente naquele domingo de manhã, num verão em que apenas os colorados, e só os colorados acreditaram no clube que vestia branco e pintava o mundo de vermelho, com um capitão, um tal de Fernandão. 

 Eu
 nunca me esquecerei
 dos dias que passei
 contigo, INTER

 Colorado é coração,
 trago, amor e paixão

 Pra sempre INTER
(2x)


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