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HOJE TEM PELADA

14 / agosto / 2022

por Claudio Lovato Filho

Hoje ele vai dar um tempo para os perrengues (presentes e futuros, reais e imaginários).

Hoje ele vai deixar que eles fiquem a cargo do seu São Sebastião-querido-de-todas-as-horas e (claro) dos deuses do futebol.

Hoje tem pelada.

A pelada amada de todas as segundas-feiras. Amém.

Hoje ele vai tomar umas geladas – apesar de ser segunda-feira.

(Tomar, não – porque, como disse o Jamelão, “eu não tomo nada, eu bebo!”)

Hoje ele vai confraternizar com seus camaradas e rir às pampas com eles.

Seus irmãos, gente que conhece sua história e gente cujas histórias ele também conhece muito bem.

É assim na pelada.

Hoje ele vai lembrar do avô (todo dia ele lembra do avô, mas no dia da pelada lembra ainda mais). O avô que levava o neto ao estádio e que sempre ia ver o neto jogar na praia, o avô de quem o neto sente tanta saudade e que se foi deste mundo há muito tempo, o avô que era fã do Jamelão, o avô que foi como um pai.

Hoje é dia de vestir o jaleco!

Hoje tem pelada e pode ser que chova, mas isso não é problema, nunca será – pelo menos enquanto a bola rolar, enquanto o passe chegar.

E se não rolar e se não chegar, paciência – aí é pé embaixo da bola, para levantar a redonda e conduzi-la com malícia e sabedoria e avançar na água empoçada.

Hoje não tem choro nem vela, hoje não tem chorumela.

Hoje ele vai ignorar a coluna encrencada, não vai dar bola pra ela.

(Amanhã o Torsilax resolve.)

Vai tentar o voleio naquela jogada de escanteio, mas (Qual é? Tô fora!) vai fugir do cabeceio.

E quando cansar vai ficar só lá atrás, espanando ou tocando pro lado; subir só na boa (de Uber ou de canoa).

É, hoje tem pelada.

Hoje ele põe de lado todos os imbróglios, aporrinhações, entreveros, broncas, pepinos e abacaxis.

Hoje ele vai deixar os grilos do passado bem quietinhos onde eles têm de ficar – no passado.

Porque hoje tem pelada.

E ele já está indo.

Foi.

Já está lá.

“Rola logo essa p*, Felipinho!”

Sim, hoje tem pelada.

E depois virá a semana, com tudo o que ela reserva de bom e de nem tão bom (porque a vida é assim).

Mas então a semana terá começado do jeito certo.

Do jeito que precisava ser.

Amém.

2 Comentários

  1. Elias Bittencourt

    Nele, não!
    (Elias Bittencourt)

    Ele chega cedinho no campo
    Seu nome tá sempre no alto da rela
    Vem direto do aeroporto
    Não pega a Brasil, a Vermelha ou a Amarela

    Quase sempre ele joga a primeira
    E, se perde, não tira a prancheta da mão
    Fica armando o time de fora
    Mas eu tô ligado e ensaio o refrão

    Nele, não! Nele, não!
    Nele não, nele não, nele não
    Se você toca é bola perdida
    Ainda aguenta uma reclamação

    Ele fica parado no ataque
    Pichando a defesa e falando do meio
    Parece com dono de sauna
    Que tira vantagem do suor alheio

    O pior é aturar o chupa-sangue
    Durante a pelada passando instrução
    A vontade é meter a porrada
    Mas é meu amigo e eu só canto o refrão

    Ele irrita o seu próprio time
    O adversário, o juiz e a galera
    E no dia que faz um golzinho
    Ele fica marrento, dizendo que é fera

    No final sempre quer saideira
    Pois tá descansado, é claro, meu irmão
    Mas a turma já tá no churrasco
    Tomando cerveja e repete o refrão

    Responder
  2. ChicoBomdeBola

    Pelo visto o escrevente nunca encarou uma G18 encharcada num campo de lama até os tornozelos. Quem perdia, perdia qualquer chance de ir em frete. Derrotados não contam além do botequim onde todos bebiam para esquecer.

    Responder

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