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GOL DO ROBERTO

9 / janeiro / 2023

por Wesley Machado

Corriam 11 minutos e 30 segundos do primeiro tempo no Maracanã. O Corinthians já vencia o Vasco por 1 a 0, gol do volante Caçapava. O comentarista Orlando Fantoni havia dito que não se devia esperar muito de Roberto Dinamite, que voltava do Barcelona após três meses na Espanha e três gols pelo Barça, que trocou o treinador que levou Roberto; e Dinamite, após conversar com Márcio Braga do Flamengo, acabou convencido por Eurico Miranda e, ouvindo o coração, retornou ao Cruzmaltino.

Era a reestreia do “Garoto-Dinamite”, apelido cunhado pelo jornalista do Jornal dos Sports, Eliomário Valente e utilizado pelo editor do Cor de Rosa, Aparício Pires, com uma nota em 20 de novembro de 1971: “Vasco escala o garoto-dinamite”. O jogo seria contra o Galo. Na semana seguinte, Roberto faz um golaço diante do Inter em sua estreia pelo Vasco e no Maracanã e o JS estampa na manchete: “GAROTO-DINAMITE EXPLODIU”! O mesmo jornal já havia utilizado o termo “dinamite” para identificar o forte chutador Quarentinha do Botafogo em 1960.

Mas voltemos ao início do texto e avancemos no tempo. O Vasco perdia de 1 a 0 para o Corinthians no Brasileiro de 1980. Foi quando Roberto decidiu começar o seu show de bola e gols! Primeiro ao receber uma bola recuperada, fazer o pivô, driblar e chutar forte para o fundo das redes. Depois, arriscando de fora da área e contando com a ajuda do montinho artilheiro. Em seguida, ao correr e receber na entrada da área e chutar mais uma vez forte. “Gol do artilheiro nato, do goleador nato, gol de Roberto”, narrou Luciano do Valle.

Sócrates diminuiria de pênalti. Mas no segundo tempo, o time da virada, com a camisa número 1 preta, ampliou o placar. De novo, ele, Roberto. Cinco vezes. Dinamite 5 x 2 Corinthians. Luciano do Valle narrou assim: “Lá vai Roberto. Bateu pro gol! Golaço sensacional de Roberto! Mas que gol! Uma finta de corpo desconcertante sobre o zagueiro central Mauro, que também ficou olhando não sei o quê. Veja bem. E uma bomba no ângulo esquerdo do goleiro Jairo”. O repórter Raul Quadros pergunta: “Fantoni, explica estes cinco gols do Roberto”. E ele, que havia sido treinador do Vasco, se rende: “Uma coisa inédita. Cada um mais bonito do que o outro. Nossa Senhora”!

Em 2020, passadas quatro décadas, o ídolo concedeu uma entrevista para o site oficial do clube e lembrou com carinho a partida histórica. “Foi o jogo da minha vida (…) Isso pra mim realmente teve um significado muito especial (…) Ficou marcado e guardado pro resto da minha vida (…) Foi um dia que deu tudo certo (…) Eram mais de 100 mil pessoas. A preliminar foi Flamengo e Bangu e a torcida do Flamengo ficou junto com a do Corinthians. Fla-Fiel. Mas não teve jeito. Cinco oportunidades, cinco gols e saímos pro abraço”.

2 Comentários

  1. YELMO C T PAPA

    Sensacional relembrar este momento. Eu, como tricolor e simpatizante do Timão em S. Paulo, não tive como não aplaudir o show do Dinamite. Ouvi o jogo todo na Rádio Tupi AM, 1180 Khz, a minha preferida, com Doalcey Bueno de Camargo. Hoje ninguém faz 5 gols num jogo só, ainda mais num clássico nacional. Roberto é eterno!

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  2. Wesley Machado

    Amigo Yelmo Papa,
    Você havia perguntado se o Fantoni, o “Titio” como você lembrou, era comentarista, conforme eu citei no texto. Eu fui verificar e não. Quando deste jogo, ele era treinador do Vasco. Equivoquei-me ao ouví-lo responder a uma pergunta do repórter Raul Quadros ainda antes do término da partida e fui induzido ao erro. Perdão.

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