por Idel Halfen
A Copa do Mundo de futebol feminino jogou luzes sobre um assunto que constantemente vem rondando as discussões acerca do esporte: a equiparação entre gêneros no que tange à remuneração.
Antes de desenvolver o artigo, vale deixar registrado que conceitualmente sou contra esse tipo de imposição, até porque ela criaria uma limitação para as mulheres, ou seja, ficariam restritas a alcançar no máximo algo similar à remuneração masculina, quando na verdade deveria se deixar o mercado regular, havendo situações em que seria mais apropriado receberem mais.
Não custa lembrar que as atividades econômicas buscam prioritariamente a lucratividade e, como tal, a atenção à estrutura de custos é fator decisivo. Nada adiantará impactar os custos com salários se as receitas não compensarem.
Por outro lado, fica evidente que faltam investimentos para que a indústria do esporte feminino atinja o grau de maturidade que hoje existe no masculino, salientando que em algumas modalidades isto já é uma realidade, onde se encontra mulheres que ganham mais do que homens no mesmo esporte.
O investimento mencionado, no entanto, não pode ser visto como uma mera aplicação de verba em competições ou mesmo divulgação destas. Antes de qualquer aporte é preciso que se reflita sobre o seguinte questionamento: será que o produto “esporte feminino” tem uma formatação adequada?
Vemos, por exemplo, no voleibol a rede do feminino ter uma altura inferior à da masculino, isso certamente dá mais qualidade ao evento. Na mão inversa, temos a mesma altura para as tabelas de basquetebol independentemente do gênero. Claro que existem limitações que não permitem algumas adequações, entretanto os formatos precisam ser avaliados em prol de uma maior atratividade que permita melhores receitas e consequentemente remunerações.
No universo corporativo esse tipo de discussão também é bem frequente, chegando ao ponto de haver uma espécie de cota por gêneros em diretorias e conselhos em algumas empresas, o que também não concordo se o argumento da “igualdade” nortear essa exigência, contudo, acho importante que haja diversidade para que as discussões e debates englobem o maior número possível de visões.
Creio que ninguém tenha dúvida de que existam diferenças entre os gêneros, porém isso não significa que existam supremacias de características ou de conjuntos de características. O que ocorre é que, dependendo do momento, alguém é mais apropriado para certa posição, independentemente do gênero.
Os pleitos de justiça são válidos, não cabe discussão, todavia, qualquer iniciativa que seja tomada deve vir com a visão de longo prazo, de modo a permitir uma equidade de oportunidades sustentável e não apenas um modismo de contestação.
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