por Israel Cayo Campos
Sinceramente, eu imagino daqui a quatro anos exatos…
Novamente a imprensa lotada de ex jogadores fazendo um bico e aproveitando para usar do corporativismo pra defender as infantilidades dos novos “craques” brasileiros com síndrome de Peter Pan.
E novamente o povo empolgado (esse ano nem tanto!), com uma Seleção que vai arrebentar nas eliminatórias contra seleções de nível muito mais baixo.
Inclusive, xingando com essa nova profissâo virtual (hater), qualquer um, seja da mídia ou não, que esteja a criticar a equipe do técnico/pastor Tite, que como disse Lugano, e todos os haters que caíram de pau nele esse ano, não passa de um encantador de serpentes!
Neymar com 30 anos ainda será nossa grande esperança! Com a blindagem dos “parças” e ainda visto como “menino Ney”, novamente será cotado como craque do torneio, principalmente pela midia e torcida brasileira!
E novamente nossa soberba de achar que somos os melhores, e que qualquer um que não seja daquele seleto grupo de campeões mundiais mais de uma vez (até excluindo o Uruguai), não tem capacidade de nos desafiar, fará chegarmos de amistoso em amistoso, com futebol burocrático e sem vibração como favoritos ao tão sonhado hexa…
Talvez até um novo título olímpico que ninguém mais liga no futebol ainda corrobore para essa falsa ideia de supremacia… E aí novamente passamos de fase em um grupo fraco rumo às oitavas de final…
Com mais uma geração de jogadores que nem em seus clubes europeus são titulares, continuamos achando que somos favoritos! Passamos até as quartas de final. Festa do Olodum caso Galvão ainda seja o narrador da principal emissora do país… E enquanto vencemos, somos os melhores, e ai daqueles jornalistas, ou conhecedores de futebol que ousem criticar as vitórias suadas e mal jogadas da amarelinha.
Novamente chegaremos a uma quarta de final ou semifinal como favoritos! O menino Ney enfim vai ganhar o prêmio de melhor do mundo após anos de frustrações e “injustiças”. Até porque ele superou Pelé em número de gols com a camisa da Seleção. Pouco importa que mais de 70% desses tentos sejam em amistosos caça níquel e jogos de eliminatórias da baba do boi… O Hexa virá e novamente. Calem a boca os abutres que só sabem falar mal de nosso jogo enfadonho, robotizado ao estilo europeu antigo, e de vitórias com o placar mínimo… Vitória é vitória, não é?
Aí pegamos uma seleção europeia de peso… Nos últimos 16 anos só não apanhamos para a Itália, Inglaterra e Espanha… Perdemos o jogo! Volta a realidade, novamente o país do futebol vira mero coadjuvante da festa europeia!
Os jogadores não dão satisfação alguma, vão se esconder em suas mansões na Europa e talvez no continente asiático. E todos que diziam para calarmos a boca, como fora nas últimas quatro Copas do Mundo, também começarão a xingar jogadores, comissão técnica, a televisão transmissora e até a CBF, que ouvi de algum Pé de Uva ser o Brasil que deu certo…
E assim como foi com o Uruguai com o passar das décadas do século passado, vamos nos apequenando diante dos gigantes europeus… Quando percebermos, já vai ser tarde demais! Já serão novos 24 anos sem o gostinho de ser o melhor do mundo. E esses 24 podem se tornar 28, 32, 36, 40…
Nesse ínterim, vamos tentar recuperar nosso futebol moleque. O mesmo que nos tornou pentacampeão do mundo! Mas ao primeiro insucesso, novamente vamos “fechar a casinha” e voltar a jogar o futebol de resultados em amistosos.
Esquecemos o nosso jeito de jogar futebol. Vamos nos prender a “zoar” os argentinos por termos mais Copas do Mundo que eles! Embora não seremos mais o maior vencedor do torneio…
Mas aí quem vai se importar? O esporte mais amado do Brasileiro será algum jogo online inventado por uma transnacional americana. O nosso futebol aos poucos vai morrendo a cada perda de identificação e ao mesmo tempo de criticidade que deixamos de ter com nossa Seleção.
Aqueles que repudiam os que repudiam esse futebol sem protagonismo que apresentamos atualmente não sabem o mal que fazem ao futebol. Aliás. Sempre descobrem, quando somos eliminados de uma Copa sem jogar absolutamente nada! Uma pena…
Espero que essa projeção tão nefasta para o futuro da Seleção Brasileira e do futebol brasileiro que faço esteja totalmente errada! Mas ela se baseia naquilo que vejo no presente, nos últimos 16 anos ao menos! Só que ao contrário de quando passamos 24 anos sem ganhar da primeira vez, ninguém é bobo de afirmar que nesse meio tempo ainda praticamos o melhor futebol do mundo. Ao menos em períodos que antecedem as Copas do Mundo!
Ou o Brasil e os brasileiros baixam a bola e começam a ter a humildade de tentar recuperar seu estilo de jogo, sem ficar copiando o futebol europeu, ou vamos nos acostumar a observar outras seleções nos deixando para trás por usarem aquilo que elas têm de melhor!
Enquanto nos enganamos pensando a cada quatro anos sermos os melhores e só perdermos por puro azar. O pachequismo exacerbado irá nos afundando num buraco sem fundo.
Mas parece que o hiato de títulos de 1970 a 1994 não ensinou nada aos brasileiros (o que não é surpresa alguma dado ao desinteresse do brasileiro por história), só que dessa vez o hiato além de mais longo pode significar algo bem pio: que será tarde demais para o nosso futebol.
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