por Valdir Appel
Almir, extraordinário jogador, notabilizado como um craque raçudo, tinha um espírito brigão – que lhe ceifou a vida numa briga de bar.
Adilson, apesar de franzino e magro, herdou do irmão a mesma disposição para encarar os adversários.
Tinha uma habilidade incrível, e seus dribles sutis eram um deleite para os torcedores vascaínos.
Garrincha era capaz de dar a mão para levantar um lateral caído aos seus pés, para driblá-lo novamente. Adilson driblava o oponente para frente e voltava-lhe a mesma bola entre as canetas com sutileza rara e precisão milimétrica que paralisavam o adversário.
Denílson, do Fluminense, era a vítima preferida do Caveirinha, como os colegas costumavam chamar Adilson. Havia um prazer quase mórbido do meia vascaíno em atrair o tricolor para enfiar-lhe a bola por entre as pernas.
Num destes clássicos Vasco versus Fluminense, Denílson não suportou a humilhação da paralisia e o desconforto do vai-e-vem da bola por entre as pernas acrescido do alerta: “Fecha as pernas coração!” (que Adilson soprou nos seus ouvidos), e partiu para a porrada.
Apesar da diferença descomunal de físicos, Adilson encarou o rival, envolvendo os demais jogadores numa das maiores brigas campais já presenciadas no Maracanã, que culminou com a expulsão de 17 jogadores, interrompendo o jogo aos 35 minutos do segundo tempo.
(Maracanã, 19 de novembro de 1967)
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