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FALTA TREINAR FUNDAMENTOS

2 / agosto / 2022

por Elso Venâncio

Telê Santana treina fundamentos com Cafu (Reprodução)

‘Capitão do Tri’, Carlos Alberto Torres, quando se tornou técnico, insistia em treinar os fundamentos do futebol com seus atletas. Passes, chutes, domínio de bola, cabeceios, faltas, cobranças de escanteio… As atividades pareciam simples, mas eram profundas. Pegava a bola com a mão e avisava:

– Domina com a direita! Agora, com a esquerda! No peito… De cabeça…

O Capita declara aos jornalistas:

– Sabe porque eu treino os fundamentos? Esses caras não sabem dominar e nem chutar com o pé ruim. Tem jogador que não sabe cabecear. Isso é o beabá do futebol.

Hoje em dia, Gabigol erra na conclusão, por não chutar com a direita. Rodinei, então, se enrola todo para dominar a bola e acaba marcando gol contra, diante do Corinthians. O futebol mudou muito.

Por que Zico e Junior foram especialistas na bola parada? A explicação é simples: porque treinavam forte. Zico pegava as bolas, a barreira móvel, e se dirigia ao gol à esquerda da arquibancada na Gávea. Um garoto sentava na grama e o observava com atenção. Era Marcelinho Carioca, que se tornou um dos maiores cobradores de faltas do nosso futebol.

Junior, tendo Zico ao lado em boa parte da carreira, por muito tempo não cobrava faltas, muito menos pênaltis. Porém, quando Zico parou, o ‘Maestro’ virou um dos craques da bola parada. Quantos gols saíram de seus pés, nas batidas laterais e nos escanteios? Até o golaço do penta nacional, contra o Botafogo, ele fez. Na decisão do Brasileiro de 1992.

Numa entrevista, Junior me disse:

– Aprendi com ‘Seu Telê’. A gente bate a falta lateral para um companheiro roçar levemente de cabeça para a área. Essa jogada mata o goleiro e a zaga.

Ontem, o Santos marcou seu primeiro gol desta forma, contra o Fluminense. No cruzamento, desvio de Barbosa e conclusão de Luiz Felipe.

Telê Santana, tanto nos clubes como na seleção, dedicava um bom tempo a esse tipo de exercício. Fazia muito bem.

Os gols de falta no Campeonato Brasileiro diminuíram em mais de 50% nos últimos anos. Por falta, sim, mas de treino, de dedicação!

Eu vi Mestre Didi comandando a Máquina Tricolor. Ele colocava o calção, calçava as chuteiras e ia para o campo. O jogador vinha com a bola dominada e passava por Didi na entrada da área. Ele dominava e devolvia para que o jogador batesse para o gol. Mário Sérgio, irreverente e, de certa forma, até irresponsável, chutou com violência em direção a Didi. O inventor da ‘Folha Seca’ matou com tranquilidade a pelota no peito e, de propósito, rolou rente à grama, mas no pé direito de Mário Sérgio, que por ser canhoto se desequilibrou, não conseguindo chutar. Vários craques consagrados, como Paulo Cézar Lima e Rivellino, riram diante da cena hilária.

Didi, de forma serena, disse ao jovem mas rebelde ponta-esquerda:

– Garoto, vem cá! Você tem que saber usar essa perna cega.

Meio emburrado e cabisbaixo, Mário Sérgio naquele momento foi fazer um treino à parte com Didi.

Será que os treinadores de hoje têm autoridade para exigir que seus jogadores, que chegam a ganhar R$ 1,5 milhão por mês – e muitos deles, com o ego Inflado – treinem os fundamentos, que são a base de tudo no futebol?

Fica a dúvida no ar.

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2 Comentários

  1. Paulo Marinho

    Creio que nenhum repórter em coletiva com técnico questione sobre se ele corrige defeitos do jogador que comanda. Entra e sai treinador e o feitos de Gabigol, continuam, assim como outros jogadores. Zagallo gostava de Leonidas e Valtencir, o primeiro pela colocação e cobertura o outro por sua determinação cimo lateral esquerdo. Rubens Galaxie, foi também um sinônimo de determinação .

    Responder
  2. Tadeu cunha

    Esses fundamentos DEVERIAM SER ENSINADO NA BASE,pois parece-me um absurdo jogadores de série A ou B terem que aprender o que já deveria estar no cognitivo,no ÚLTIMO estágio se deve trabalhar o TÁTICO, FÍSICO E PSICOLÓGICO, TECNICA SO SE REFINA NO ULTIMO ESTAGIO.

    Responder

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