por Rubens Lemos
Sou escravo da saudade no Futebol. O atual Vasco jamais será o meu. Meninos são iludidos por contratações de bagulhos que não merecem a camisa agrada vestida por astros de primeira grandeza. O Vasco do meu tempo era cinematográfico, sempre liderado pelo proprietário das emoções, Roberto Dinamite. Comecei a ser escravo das lutas cruzmaltinas em 1977, time com Zé Mário, Zanata e Dirceuzinho no meio-campo, Wilsinho ou Fumanchu, Roberto Dinamite.
Ainda que passássemos cinco anos sendo vice-campeões, era justo assistir os combates porque perdíamos com honra,sem jamais tomar goleadas. Éramos inferiores ao time de Zico, mas também sofríamos com arbitragens sacanas que marcavam pênaltis surreais e invertiam faltas para atrapalhar nossas reações.
No passeio ao passado, nada me emociona mais do que o time bicampeão em 1987 e 1988. Sou devedor daqueles caras. Sou admirador número 1 de Geovani(foto), o melhor meia-armador do clube, com todo respeito a Jair Rosa Pinto, Zanata e Juninho Pernambucano. Aos três, faltava a ginga do baixinho trazido do Espírito Santo aos 17 anos.
Geovani era um mágico. Descobria espaços invisíveis para encontrar Roberto Dinamite e Romário livres para balançar as redes adversárias. Geovani dava canetas em Renato Gaúcho, humilhava o maravilhoso Andrade em fintas secas, costurava Ailton e Adílio em espaços milimétricos na relva do Ex-Maracanã, o estádio dos desdentados da Geral. Até Zico tomou lençol.
Em 1988, quando comecei no jornalismo, o Vasco deu cinco surras seguidas no Flamengo. A primeira, no segundo turno, 1×0, gol do falecido volante Henrique. A segunda, um baile de 3×1 sem Romário e com Geovani jogando pelos dois.
Depois, a sensacional virada de 2×1 na primeira partida das finais, Bebeto abrindo o placar para os rubro-negros, Bismarck empatando e Romário dando lençol para definir o placar, com o goleiro Zé Carlos desesperado, tentando esmurra-lo.
Na última do Campeonato Carioca, o Flamengo sufocou o Vasco. Até que o lateral-direito reserva Cocada, que havia sido dispensado pelo adversário, arrancou do seu campo e fuzilou o goleiro Zé Carlos(1×0). O quinto triunfo foi no Brasileiro, 1×0, gol do então menino Sorato.
Aquele time é um sonho que volta para mim em pensamento e imagens de arquivo. Nunca mais haverá outro igual. Forte, cheio de personalidade e talento.
O Vasco de verdade que acabou faz 35 anos e me faz chorar a cada reencontro no Youtube. Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Zé do Carmo, Henrique e Geovani; Vivinho, Romário e Bismarck. São onze lendas, nada de 11 nomes banais.
Portanto, reencontrar o que balançou meu coração não é pecado, é amor. Genuíno, sofrido, cheio de suspiros de nostalgia. Agradeço a todos os heróis do Vasco, eternizados na mente de um homem envelhecido e triste, mas orgulhoso escravo da saudade.
Parabéns, unda e perfeita descrição. Então somos dois na mesma situação…
Forte abraço!
Parabéns, linda e perfeita descrição. Então somos dois na mesma situação…
Forte abraço!
Belo texto amigão, confesso que sofro dessa mesma doença (saudade). Mais um Vascaíno só baixa a cabeça pra beijar a Cruz de malta!!!