por Zé Roberto Padilha
Às vezes percebo um grande jogador, como o Arce, que nos brindou com um jeito todo especial de bater na bola, ao se tornar treinador, ser capaz de adotar um sistema tático de uma covardia sem limites.
Anestesiar toda a capacidade técnica dos seus jogadores em prol de uma retranca total. Para empatar fora de casa e se perder, perder de pouco. Foi o que fez no Maracanã na primeira partida do seu time, o Olímpia, terça-feira, no Maracanã.
Todos nós amamos o futebol bem antes de escolher para quem iríamos torcer. E quando ligamos a televisão, vamos aos estádios, tirando a opinião dos fanáticos, esses desprovidos da razão, esperando assistir a um grande espetáculo. Em que todos os artistas joguem o seu melhor e o esporte se consolide como o preferido dos brasileiros. E conquiste às novas gerações que são levadas a conhecê-lo.
Em suma: uma equipe, cheia de talentos individuais, que deixa o Paraguai e não vem jogar no Rio é uma falta de respeito. Com o esporte chamado Futebol. Ou já assistimos a Fernanda Montenegro segurando seu talento no palco? O Alok deixando de dar o seu melhor, mesmo debaixo de chuva, para se poupar para o show da volta?
A arte não pode ser contida. Quando alguém tenta, retira do ser humano o dom que Deus lhe deu. E se torna um Arce. Um craque liberto que se tornou medíocre ao escravizar o direito dos seus jogadores de ir a campo jogar futebol.
Em 1974, Parreira era nosso treinador e disputamos a Taça GB com Carlos Alberto Pintinho, Cleber, Gerson e eu. Aí dele se segurasse esse meio campo.
Um ano depois, Didi escalou a Máquina Tricolor com Zé Mário, Cleber, eu e Pintinho. No Brasileiro, ganhamos o Fla x Flu de 3×0 e ele não prendeu seus meninos.
Em 1976, o Flamengo, dirigido por Cláudio Coutinho, entrava em campo com Tadeu. Geraldo, Zico e me concederam a camisa 11 para escrever, anos depois, como testemunha, que o futebol é uma arte que precisa ser liberta. Não contida.
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