por Zé Roberto Padilha
Deus, sabemos, é brasileiro. Ele, primeiro que todo mundo, sabia que não poderia agradar a todos os torcedores cariocas, fanáticos, que ditam seu humor em casa, no trabalho e no convívio com os amigos, de acordo com o resultado do seu time no domingo. Sendo assim, pelo equilíbrio social e paz na terra, criou de um lado a nação rubro-negra. De outro, Fluminense, Vasco, Botafogo, América….
Ontem, não foi apenas a torcida tricolor que torceu contra o Flamengo. Os torcedores alvinegros, inconformados com a perda de William Arão, enviaram ventos minuanos traiçoeiros de Porto Alegre, que desviaram o rumo da bola naquele corner para que seu ex-meia direita “traidor” marcasse de cabeça o gol contra que abriu o placar no Fla x Flu. Para eles, pelas efusivas comemorações nas arquibancadas do Estádio Beira-Rio, este foi o quarto gol do Botafogo contra o Internacional.
Logo depois que a nação rubro-negra voltou a sorrir, na distante Arena das Dunas, com o empate, foi a vez dos torcedores vascaínos se unirem a torcida tricolor para se vingar do seu ex-zagueiro artilheiro, Rafael Vaz. Secaram tanto o menino, que ele provou que além de goleador, sabe também fazer uma assistência. Contra. Melhor que ser líder da Série B, e vencer o CRB no sábado, com direito a gol olímpico, foi se vingar de outro “traidor”.
Hoje, podemos notar pelas ruas e calçadas, por onde andarmos: quem está triste é Flamengo. Os demais seres exultantes, Deus distribuiu entre os clubes para que tristeza e alegria fossem sentimentos compartilhados entre os torcedores. E vingança, aprendemos não com Ele, mas com o fanatismo da bola, com a paixão que domina a razão, é um prato que se come frio no domingo à tarde. No inverno do Campeonato Brasileiro, então…
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