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DEUS CASTIGA A QUEM O CRAQUE FUSTIGA

19 / janeiro / 2021

por Luis Filipe Chateaubriand 


A grande máxima de Armando Nogueira, reproduzida no título deste texto, parecia fazer todo sentido naquela tarde de domingo do início de 1986. 

Jogaram Flamengo e Fluminense, um Fla x Flu, pela primeira rodada do Campeonato Carioca. 

O Flamengo formou com: Cantarele, Jorginho, Leandro, Mozer e Adalberto; Andrade, Sócrates e Zico; Bebeto, Chiquinho e Adílio. 

O Fluminense formou com: Paulo Vítor; Alexandre Torres (Renato), Vica, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Leomir e Renê; Romerito, Gallo (Édson) e Tato. 

O jogo marcava a estreia de Sócrates pelo rubro-negro. Mas o destaque da peleja seria outro… 

Antes do início do jogo, a torcida do Fluminense pega no pé de Zico, voltando depois de meses de afastamento, devido a uma entrada criminosa no joelho que sofreu de um troglodita imbecil que jogava no Bangu. 

A galera tricolor não perdoou e começou o coro: Bichado! Bichado! Bichado! 

Como se diz no adágio popular, foram cutucar a onça com vara curta… Mordido pela “homenagem” do pó de arroz, Zico fez o maior jogo de sua vida! 

Entre outras jogadas sensacionais que protagonizou no jogo, Zico criou as seguintes obras primas: 

·         Gol de cabeça, de peixinho, depois de cruzamento da esquerda – o primeiro.

·         Gol de cobrança de falta perfeita, das melhores cobradas que vi na vida – o segundo.

·         Gol de pênalti, cobrado com extrema categoria – o terceiro. 

·         Falta batida com absoluta perfeição, que explodiu no travessão de Paulo Vítor. 

·         Lançamento de bicicleta – isso mesmo, lançamento de bicicleta – para atacante companheiro. 

·         Toque de calcanhar dentro da área, para colocar Adalberto na cara do gol. 

O Flamengo venceu o cotejo por 4 x 1. Apesar do placar ter sido elástico, foi jogo difícil, pois, embora o domínio do Flamengo tenha sido claro, a peleja permanecia empatada até quase 30 minutos do segundo tempo. 

Ao fazer seu último gol no jogo, Zico se vira para a torcida tricolor e vaticina:  “Bichado é a put… que pariu!”. 

Como diz outro adágio popular, a vingança é um prato que se come frio.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

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