por Zé Mário
Eu fui jogador de futebol. Tive a sorte de conhecer muitos treinadores que me marcaram profundamente, não apenas pelo conhecimento técnico que tinham sobre o esporte, mas também pelas lições de vida, honestidade e trabalho que compartilharam comigo. Com eles, fui aprendendo e me moldando, recebendo orientações que um jovem jogador aprendiz tanto precisava naquele momento.
Os anos passaram e, de repente, eu estava do outro lado: me tornei treinador. Levei comigo tudo o que aprendi com esses mestres, buscando replicar — ou até mesmo superar — as lições que me transmitiram. Não sei se consegui ser melhor, mas isso nunca foi o mais importante. O que sempre importou foi ter um espelho para refletir e aprender. E que espelho! Escolhi espelhos convexos, que oferecem uma visão ampla e ousada. Joguei tudo o que aprendi neles e recebi algo transformador em troca.
Pelas minhas andanças, tanto no Brasil quanto no mundo árabe, levei o aprendizado deles sem reservas. Ganhei títulos, vivi derrotas — porque faz parte do jogo —, mas, no fim, a balança pesou a meu favor. Agora, a fase é outra: a saudade, a idolatria e o prazer do convívio com esses mestres que tanto me ensinaram.
Graças a Deus, Ademar Braga criou um grupo no WhatsApp. Com ele, organizou encontros memoráveis com esses grandes nomes, que acontecem mensalmente ou bimestralmente. O último foi na segunda-feira, 9 de dezembro de 2024. Foi um dia emocionante. Cada abraço, cada aperto de mão trazia consigo um misto de alegria e emoção.
Muitos de nós não se viam há mais de 30 anos. E lá estavam eles: Ademar Braga, Parreira, Lazaroni, Valinhos, Dante Rocha, Carlos Alberto Lancetta, Adriano Lancetta, Joel Santana, Antônio Lopes, Gílson Nunes, Jair Pereira, Júlio Cesar Leal, Carlos Cesar Custódio, Luiz Henrique Meu Garoto, Ênio Farias, Waldemar Lemos, Antônio Melo, Arthur Bernardes, Cláudio Café, Paulo Zagallo, Dr. Clóvis Munhoz… e eu, Zé Mário. Se esqueci alguém, coloque na conta da minha idade!
A mesa estava cheia de histórias, risadas e, claro, debates sobre o futebol de ontem e de hoje. Nostalgia? Sim, mas com razão. Futebol de ontem era arte. Hoje, tudo mudou — e não necessariamente para melhor. O futebol sul-americano perdeu sua essência, seus protagonistas. A técnica evoluiu? Não. O espetáculo melhorou? Definitivamente, não.
Estamos prontos para nos pronunciar e lutar pela recuperação do nosso futebol arte, ganhador e autêntico. Muito do que se fala sobre “evolução do futebol” não passa de engodo.
Aguardem.
Que texto Zé Mário . Tive o prazer de ver você jogar . E como jogava , visão de jogo , excelente saída de bola , garra e amor a camisa . Sou vascaíno e quando comecei a frequentar o Maracanã lá estava você espelhando a sua categoria de sempre . Obrigado por me fazer um vascaíno feliz e adorar ver futebol . Assim como todos que estão nesse registro , Antônio Lopes , Joel Santana , Dr Clóvis e tantos outros que fizeram história no futebol .