por Eliezer Cunha
Algo me motiva a escrever abordando situações pitorescas e inusitadas dentro do contexto futebolístico Brasileiro. O Museu da Pelada me oferece esta oportunidade e nela me agarro, e são nestas despretensiosas linhas que procuro induzir em alguns
momentos aos leitores uma reflexão básica sobre temas que passam despercebidos, pelos “parceiros” colaboradores, pelos seguidores e pelos amantes do futebol.
Às vezes me deparo com várias interrogações que são no mínimo para mim curiosas e não imagináveis e dentro delas contextos surreais e enigmáticos.
Minha razoável idade, e lá se vão 59 anos não me permite ter bem clara na lembrança um período épico de nossa histórica futebolística, período este anterior à década de 70 e seu início. Além do que em tempos idos não existiam os recursos informativos e visuais que temos facilmente hoje. Os aparelhos de televisão eram para poucos, o rádio até possuía mais penetração na grande massa mais tinha um cunho nostálgico, pois simplesmente não havia imagens. Ficávamos muito mais a mercê da
emoção do narrador de que mesmo dos fatos reais. Nossas mentes desenrolavam as jogadas e as mesmas as concluíam como um possível sonho. Por estas razões alguns atletas que desfilavam pelos gramados e exibiam seus talentos ficavam no lastro imaginário e não eram fisicamente definidas, assim como, a retratação e a conclusão de suas jogadas. Essa contextualização física e factual ficava a cargo de cada ouvinte torcedor e do seu poder imaginário, retocadas pelo seu grau de paixão pelo time. Deste modo eram criados e sobreviviam os jargões, os apelidos e as jogadas retocadas magicamente pela fala do narrador da partida.
Neste contexto e cenário alguma coisa me leva a imaginar que alguns jogadores desconsideravam as leis da física e harmônica da arte do futebol, como pode, por
exemplo, um jogador com a estrutura corporal de Dario conseguir alcançar suas proezas como centroavante. Não possuía velocidade, seu comando físico era visivelmente lento e desengonçado, aonde faltava beleza e arte, sobrava humor, simpatia e malandragem. Acreditar que nosso Dadá Maravilha era realmente maravilhoso, custa a acreditar. Acreditar que Dadá beija-flor parava mesmo no ar, custa acreditar. Acreditar que o nosso Dadá peito de aço tinha realmente em peito uma liga de Fec (Ferro e Carbono), acreditávamos menos ainda. Agora, acreditar que chegou próximo ao rei Pelé em número de gols é real. Que foi artilheiro por times onde atuou é fato. Que ganhou campeonatos importantes é verídico. Que era em fim um temido e operante goleador é legítimo.
Quando vejo triunfar seus gols nas sequelas imagens das memórias, registros e arquivos televisivos, só assim passo a acreditar que a bola domesticada por esse gigante goleador, foi em 926 vezes se desenrolar pelo chão ou ar até se acomodar dentro das obcecadas redes simetricamente alinhadas.
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