por André Felipe de Lima
Em outubro de 1998, estava este jornalista de repórter da Folha de S.Paulo, no gramado do estádio Caio Martins, em Niterói, acompanhando um “chuvoso” clássico entre Botafogo e Palmeiras, treinado, na época, pelo Luiz Felipe Scolari.
O Botafogo enfiou 3 a 1 goela adentro do Verdão. Por milagre, o Alvinegro não sapecou mais gols na “peneira” palmeirense. No papel, é verdade, o time paulista estava em melhor fase, mas era dia do Fogão.
Como repórter de um jornal paulistano, tive de postar-me ao lado do banco de reservas do Palmeiras. Felipão estava louco da vida com o time em campo. Gritava ensurdecedoramente. Eu, quietinho, sofria com a intensa chuva que jorrava sobre mim. Sem capa, sem nada. Resfriado iminente. E foi, na mosca, dias depois. Mas voltemos à peleja.
A cada ataque do Botafogo, Felipão gritava e, em seguida, virava-se para mim com um olhar de reprovação. Jamais saberei se ele me definiu como um seca-pimenteira (completamente encharcado, frise-se) ou se olhava-me como se pedisse um ombro amigo. Considerando o estilo “mimoso” do Felipão, confio mais na primeira hipótese.
Mas vamos lá. Terminou o primeiro tempo com o Fogão metendo dois gols (França e Túlio). Paulo Nunes descontou no segundo tempo para o Verdão, mas ainda coube mais um do Botafogo, com Bebeto.
Fim de papo, corri imediatamente atrás dos jogadores do Palmeiras para obter “explicações” para a pífia performance em campo.
Felipão falou educadamente comigo e disse, evidentemente sem citar nomes, embora eu perguntasse insistentemente para que desse nomes aos bois, que o time foi um bagaço. “Não é assim que se joga futebol. Vi muita coisa que não gostei e não admito isso no Palmeiras. A bola (vejam bem, leitores, a “bola”…) é redonda para todos, e o Botafogo estava mais ligado no jogo.”
Felipão estava injuriado, e com inteira razão. Saquei imediatamente que a figura mais polêmica — aos olhos do treinador palmeirense — era o zagueirão Júnior Baiano. Corri até ele e emendei a clássica pergunta de repórter boleiro: “Ô, Júnior Baiano, a que você atribui um jogo tão ruim do Palmeiras?”. Baiano não se fez de rogado. Foi rápido na resposta como se estivesse dando um carrinho em um desavisado: “A bola. A bola foi a culpada. Estavam todas murchas”.
Foi a primeira vez que vi um jogador culpar a bola após uma derrota. Esse é o grande Júnior Baiano. Zagueirão, boa praça e, queiram ou não, ídolo de muitos palmeirenses e, também, de rubro-negros, sãopaulinos e até mesmo de alguns vascaínos.
Hoje é aniversário do zagueiro Júnior Baiano. Parabéns ao ídolo!
0 comentários