por Marcos Eduardo Neves
Antes da disputa por pênaltis, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, virou as costas para o time e foi para o vestiário. Não quis assistir à eliminação alviverde ou foi comprar com antecedência ímpar as passagens para o Rio, a fim de assistir à final entre Fluminense e Boca, no Maracanã?
Nem uma coisa, nem outra. Simplesmente, entregou-se à superstição.
Perguntado sobre religião, João Saldanha costumava dizer:
‘Se macumba ganhasse jogo, Campeonato Baiano terminaria sempre empatado.’
Para superstição, digo a mesma coisa.
A meu ver, não é postura de um líder abandonar o grupo numa hora como aquela. Sampaoli já tinha aberto precedentes, fazendo o mesmo no intervalo de um jogo do Flamengo. Capitão não abandona o barco antes do naufrágio, aguarda até o fim o salvamento.
Talvez se estivesse junto à equipe, à beira do gramado, seus jogadores retomariam a confiança após a perda do pênalti de Raphael Veiga. A presença da ausência do comandante foi mais do que sentida pelos atletas da equipe paulista.
Entendo que Abel possa ter dito:
‘Agora é com vocês. Confio em cada um. Vocês treinaram a semana toda, agora batam onde obtiveram melhor aproveitamento. Quanto a ti, goleiro, não salte antes, deixe cobrar primeiro!”
Acontece que tem que ser todos juntos nas vitórias e todos juntos nas derrotas. Para coletiva Abel foi, mas só depois de ver as penalidades pelo celular.
O português lançou recentemente um livro sobre o seu sucesso no nosso país. Mas após duas eliminações de Libertadores nas semifinais, e outra na mesma fase da Copa do Brasil, fico com o mestre Ruy Castro:
‘Biografado bom é o biografado morto.’
Porque a história tem começo, meio e fim.
Afinal, quem compra hoje um livro de vencedor que só tem perdido?
Normal ! De uns tempos pra cá ele começou a fazer isso, não foi aprimeira vez.