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COM A BENÇÃO DA SANTÍSSIMA TRINDADE ALVINEGRA

3 / dezembro / 2024

por Kadu Braga

Armando Nogueira foi o anfitrião da resenha no céu iniciada ao lado de Nilton Santos e Garrincha no épico 30 de novembro de 2024.

O cronista alvinegro declarado entusiasmado com a nova fase do time mais encantador da temporada, uma equipe que joga por música, iniciava sua apresentação em Buenos Aires.

Na terra do Tango, Gregore, quem bem samba, às vezes, perde o compasso.

A perna alta demais rendeu sangue no rosto de Fausto fazendo a cor de um cartão amarelo, virar vermelho, no primeiro minuto de jogo.

Dali em diante, o tom musical passou a ser outro. Virou ópera, um drama, para o torcedor alvinegro e para o maestro Arthur Jorge.

Na roda entusiasmada liderada pelo cronista, apareceu o bom e “Velho Lobo” Zagallo.

A “Santíssima Trindade alvinegra” estava formada. Ele chegou acompanhado do carismático canino Biriba, aquele mesmo,
o canino da sorte.

Em coro, aos poucos, foram se juntando outros alvinegros ilustres à mesa: De Beth Carvalho puxando um samba ao lirismo de Vinicius de Morais, até o místico jornalista e treinador João Saldanha.

Eis que ele surge passando as orientações das mais sábias através de anjos para o comandante do glorioso.

A mensagem é de coragem para que mantenha suas feras em campo.

Dito e feito.

E a corrente regida pelo anfitrião Nogueira começam a fazer efeito. Garrincha só vestia calção e sandálias.
Ele havia emprestado sua mística camisa sete a Luiz Henrique.

Biriba com sua confiança inabalável latia e abanava o rabo esperando uma sobra. Não de petisco. Ele queria ver a bola sobrar uma bola para o atacante, inspirado no anjo das pernas tortas, encher o pé esquerdo e abrir o placar.

Se jogador decide jogo, time ganha campeonato. Uma equipe vencedora precisa se despir das vaidades.

Luiz Henrique cai dentro da área. Zagallo e Saldanha conversam entreouvidos.

Não caberia ao Campeão do Mundo Almada, nem mesmo o camisa nove da seleção Igor Jesus ou ao dez Savarino a missão de cobrar o pênalti.

Percebe-se então que Zagallo não tinha número nas costas da sua camisa.

Se “Tellesnofogão” tem 13 letras, quis o destino oferecer ao lateral a responsa.
Desta vez, sem a loucura de Abreu, encheu o pé para ampliar a contagem.

A etapa final ganha uma pitada de emoção com gol de Vargas. Tudo parece se desenhar para um sonho virar pesadelo.

Beth abaixa um pouco o tom. Respira fundo. Garrincha vê seu discípulo dar sinais de fadiga e acende uma vela.

Vinicius segue dedilhando melodias no violão com calma e recita o pernambucano Geraldo Vandré, “quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

E aí o Espírito Santo sopra mais uma vez no ouvido de Arthur Jorge. Ele obtém a benção de Nilton Santos. O mais calmo de todos no encontro, sabia bem o que o destino reservava para o fim de tarde mais épico da história do clube.

Muito além de uma mensagem, o eterno camisa seis do glorioso enviou mais que um sobrenome imponente, também seu espírito à terra para abençoar Júnior Santos.

Ele faz um drible desconcertante e mais uma vez, sem vaidades, serve ao jovem e veloz Matheus. Biriba late e pula alcançando à mesa!

Todos se levantam. Assim na terra como no céu.

E mais uma vez o destino, implacável, deixa a bola cair nos pés do artilheiro da competição para selar a glória eterna.

Armando Nogueira finaliza repetindo sua frase icônica:
“O Botafogo é bem mais que um clube – é uma predestinação celestial”.

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