por André Luiz Pereira Nunes
Após “Marielle” e “Em Nome de Deus”, o Globoplay conseguiu magistralmente emplacar mais um gol de placa ao lançar “Doutor Castor”, série documental em quatro episódios sobre o bicheiro Castor de Andrade (1926-1997).
Dirigida por Marco Antônio Araújo, a produção reúne depoimentos e imagens de arquivo que, segundo o diretor, nunca foram exibidas na TV.
Um dos homens mais poderosos do Rio de Janeiro nos anos 80, o contraventor não só dominava o jogo do bicho, como também patrocinava o time de futebol do Bangu e a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
É bom que se diga que a produção acerta ao incluir entre os entrevistados tanto aqueles que o admiravam como os que o execravam. Reverenciado por políticos, artistas, jogadores, dirigentes, torcedores e autoridades, Castor é uma figura bastante polêmica. Na minha modesta opinião está mais para um Don Corleone do que um Robin Hood.
Dotado de inegável influência política, flertava com o poder, chegando a adentrar tribunais com a certeza absoluta de que seria absolvido.
Provavelmente é bem difícil presenciarmos um torcedor banguense falar mal de Castor. Afinal de contas, sob seu comando, o Alvirrubro da Zona Oeste se sagrou vice-campeão brasileiro e estadual, em 1985, além de vencedor da Taça Rio de 1987.
Contudo, é importante frisar que a sua relação com o time sempre foi cercada de interesses. Há quem diga que o bicheiro usava o clube para lavar dinheiro. É fato ainda que, em 1988, Castor se afastou totalmente do Bangu, se voltando totalmente para a Mocidade Independente de Padre Miguel, fato que culminou no rebaixamento da equipe para a Série B do Campeonato Brasileiro. Daí em diante nunca mais o Bangu voltaria a figurar entre os grandes do futebol brasileiro. Atualmente a agremiação faz figuração no Campeonato Estadual e vergonha na Série D do Brasileirão, não passando da primeira fase de grupos.
Os atletas que brilharam no time do Bangu, vice-campeão brasileiro em 1985, relembram quando Castor injetava fábulas de dinheiro no elenco. E evidentemente exaltam o contraventor, embora um recorde quando o bicheiro chegou a dar uma rajada de metralhadora contra a parede para assustar os jogadores e pressioná-los a ganhar jogos.
Em outra ocasião, o mecenas correu atrás de um árbitro que teria errado contra seu time. Numa cena extremamente lamentável, os capangas de Castor cercaram o juiz e, por pouco, a cena, inclusive retratada na série, não terminou em linchamento.
Fato é que, vilão ou mocinho, Castor é uma personalidade riquíssima para um documentário, como ressalta o diretor da série.
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