por Claudio Lovato
Você
Que vai dormir de mau humor quando seu time perde
E acorda na manhã seguinte com um humor pior ainda
Você
Que jura que seu filho terá total liberdade para escolher o próprio clube
Mas se tortura intimamente com medo de que ele não escolha o seu
Você
Que diz que o futebol mudou para pior e que antigamente é que havia craques de verdade
Mas aos amigos sempre garante que “a base vem forte este ano”
Você
Que diz que já gostou mais “desse negócio”
Mas se emociona sempre que vê a camisa “mais bonita do mundo” entrar em campo
Você
Que critica duramente a construção dessas “arenas caras e elitistas”
Mas não deixa que ninguém fale mal da do seu clube
Você
Que não consegue passar muito tempo (digamos assim, mais de meia hora) sem pensar na bola
E mantém o escudo amado em casa, no carro e no escritório
Você
Que usando estratagemas diversos adianta ou retarda viagens para conseguir ir ao estádio
E jura que deixou o fanatismo para trás, definitivamente para trás
Você
Que sabe que não conseguiria viver sem isso, ainda que quisesse, mesmo que tentasse
A você, meu amigo
Faço a pergunta de Neruda
(Já sabedor da resposta)
“Onde está o menino que fui
Segue dentro de mim
Ou se foi?”
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