por Zé Roberto Padilha
Caro amigo Rubens Lopes, posso dizer assim, já que na última vez que nos vimos você disse: “Meu ponta esquerda…”
Gostaria que você assistisse a primeira fase da Copa do Brasil, o mais democrático campeonato de futebol do país. Aquele que ainda conserva as mais puras raízes do nosso glorioso futebol.
Asa de Marabá x Goiás foi mais emocionante do que a final da Champions League. Toda uma cidade ocupou seu querido estádio para torcer pelo seu time. Nada de Canal Premiere, TV Cazé, quem mais pagou os direitos de transmissão.
Tinha cheiro da grama, alambrado colado ao campo, e os filhos pedindo aos seus pais que queriam entrar na escolinha. São eles, os associados, o roupeiro que recupera o seu emprego, toda uma cidade envolvida em prol do esporte que renascera por uma noite.
Sob sua longínqua gestão, fechados foram a maioria dos estádios do interior do estado do Rio. O América FC, onde meu pai jogou e eu dei os primeiros passes, está cheio de buracos. O Entrerriense FC, onde meu avô dedicou parte da sua vida, vive à míngua da contribuição de poucos associados.
Pela primeira vez os Lopes e Padilhas não vão ter um jogador para revelar ao futebol brasileiro. E não foram poucos. Ligas fechadas, competições idem, ou meus filhos vão pra noite, estudam ou se afastam do esporte, que tanta saúde e orgulho deu à nossa família.
Peço em nome de todos os 82 municípios do nosso estado que conceda anistia a todos os clubes endividados não por má gestão, mas por falta de jogos e oportunidades.
Comece promovendo um campeonato de seleções, seria uma retirada do pó das arquibancadas, um toque na pele de uma paixão esquecida e um recomeço de tudo.
A partir deste toque de alvorada, os clubes iriam se reestrurando com a volta dos torcedores aos estádios.
Faça isso pelos meus netos. Porque meus filhos, e muitas gerações, tiveram que desperdiçar uma vocação, em forma de arte, que Deus colocou no mundo para encantar um país.
Conto com você.
O que acontece no futebol local é reflexo do nosso País. Em todo lugar do mundo existem políticas, seja pública ou privada, que incrementa o futebol como atividade de saúde e economia para as pequenas localidades. Precisamos reacender a chama que se apagou há tempos. Pode ser a criação de ligas municipais, reativação do antigo D.A. (Departamento Autônomo), onde despertavam craques que se tornavam ídolos e inspiração para a garotada. Precisamos de mais pessoas e cartas como essa.
Grande Zé. Assino embaixo. A morte do futebol-raiz selará, a longo prazo, o destino daquele que já foi o maior futebol do planeta.
Caro Padilha artigo excelente o grande problema é que hj os nossos dirigentes são belas parasitas ,onde a sorte do futebol é o que menos importa.