por Rubens Lemos
Saber vender a própria imagem é artimanha fundamental para sobreviver hoje muito mais.
O competente retraído perde para o picareta. Morreu há dois anos (20/01), um exemplo carimbado do ermitão eficiente. O técnico Carlos Alberto Silva.
Caipirão, avesso à entrevistas, debates e almoços promocionais (o técnico pagando), com jornalistas. Para desdobrar gentilezas nas páginas e estúdios.
Fez do Guarani de Campinas (SP), em 1978, o primeiro clube do interior a vencer o Brasileirão. Derrubou como castelo de cartas, favoritos como Vasco, Internacional e finalmente o Palmeiras.
Revelou joias como o meia-armador Zenon, o meia-atacante Renato (brilhante na técnica, raridade para fazer gols) e um dos melhores atacantes da história: Careca, maior parceiro futebolístico de Maradona, no Napoli, década de 1980.
Na seleção brasileira, sempre esquivo, montou um esquadrão capitaneado pelo armador vascaíno Geovani, o último dos pensadores. Com Romário, Taffarel, Jorginho, Bebeto, João Paulo, André Cruz, ficou com a Medalha de Prata. Sem Geovani (suspenso), na decisão.
Perdeu o lugar para o abominável Sebastião Lazaroni, camelô de beira de campo.
Lazaroni formou, na Copa de 1990 um Brasil muito pior do que o do ameno Carlos Alberto nas Olimpíadas. Melhor meia da época, Geovani recebeu seu desprezo.
Carlos Alberto Silva consagrou a fragilidade dos silenciosos, dos tímidos, dos absolutamente verdadeiros. Perdeu a chance da vida, mantendo intocável o caráter.
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