por Elso Venâncio
Vamos recordar o ano de 1972. Brasil protagonista do futebol e craques aos montes jogando no país.
No futebol carioca, contratações históricas. Como Paulo Cézar Lima, campeão do mundo e ‘craque da moda’ – apelido dado pelo locutor esportivo Waldir Amaral, da Rádio Globo do Rio.
Aos 22 anos, PC era apontado pelo próprio Pelé como seu substituto. Ele havia acabado de trocar o Botafogo, aclamado como ‘Selefogo’, pelo Flamengo – que desembolsou um milhão de dólares na contratação mais cara do país até então.
Após dez anos, Tostão deixou o Cruzeiro para encarar o desafio de brilhar no Rio, pelo Vasco. Além disso, o clube de São Januário repatriou Amarildo, bicampeão do mundo que há anos se destacava no futebol italiano.
Gerson, o ‘Canhotinha de Ouro’, chegou ao Fluminense, seu time do coração, após ter conduzido o São Paulo ao bicampeonato paulista de 1970 e 1971.
Um dos maiores meias de todos os tempos, Gerson considera Tostão o grande atacante da Copa de 70, no México, superando inclusive o Rei Pelé.
O Olaria tinha Garrincha como atração. O clube da Rua Bariri foi o último que o ‘Gênio das Pernas Tortas’ defendeu profissionalmente.
O ‘Torneio Internacional de Verão’ abriu a temporada. Flamengo, Vasco da Gama e Benfica – então campeão português e semifinalista da Champions League. Nessa competição, Fio Maravilha marcou, contra o Benfica, o gol de placa que inspirou o rubro-negro Jorge Ben – hoje Benjor –, presente nas Tribunas do Maracanã, a compor a música ‘Fio Maravilha’.
Na decisão, o Flamengo ergueu a Taça após vencer o Vasco por 1 a 0, gol de Paulo Cézar, que, em grande forma, fazia toda diferença em campo.
A Rede Globo de Televisão apresentava antes do ‘Jornal Nacional’ o programa ‘Dois Minutos com João Saldanha’. Na telinha, o comentarista que o Brasil consagrou se empolgou:
“Esse PC é um garoto grande jogando bola no meio de crianças”.
O Campeonato Carioca foi disputado no primeiro semestre, mas devido ao ‘Torneio de Verão’ só terminou no começo de setembro. O Flamengo contava com Paulo Cézar; o Fluminense tinha Gerson; o Vasco, Tostão; e o Botafogo, Jairzinho.
Os técnicos também eram todos eles craques: Zagallo no Flamengo; Zizinho no Vasco; Paulo Amaral e depois Pinheiro, no Fluminense; e Elba de Pádua Lima, o Tim, no Botafogo.
No feriado de 7 de setembro, o destino colocou dois amigos, mais do que isso, dois tricampeões do mundo duelando entre si na grande final. Gerson, camisa 8 do Fluminense, versus Paulo Cézar, o 11 do Flamengo – que ganhou o apelido de Caju após cortar e pintar os cabelos em apoio ao movimento de igualdade social e racial ‘Panteras Negras’.
O Flamengo formava seu melhor time desde o segundo tricampeonato, obtido entre 1953 e 1955: Renato, Moreira, Chiquinho, Reyes e Rodrigues Neto (embora Wanderlei Luxemburgo tenha jogado a final); Zé Mário e Liminha; Rogério, Caio, Doval e Paulo Cézar Caju.
De cabeça, Paulo Cézar faz 1 a 0. Caio Cambalhota amplia e Jair desconta no segundo tempo. Quase 140 mil pagantes no Maracanã. No final, Flamengo 2 a 1, campeão do Sesquicentenário da Independência do Brasil.
A equipe ganhou ainda os títulos do ‘Torneio do Povo’, da Taça Guanabara e do Campeonato Carioca, mas sofreu, em pleno 15 de novembro, data do seu aniversário, uma derrota acachapante: 6 a 0 para o Botafogo – que, nesse ano, seria vice brasileiro. O campeão foi o Palmeiras, que jogava pelo empate na final, em partida única que não houve gols, no Morumbi.
Sete anos depois, o time campeão do mundo, com o ídolo Zico dando as cartas na meiuca, devolveu o resultado ao Botafogo, com direito à torcida exigindo goleada de seis. No finzinho do jogo, o estádio vibrou: com um gol de Andrade, camisa 6 rubro-negro, Flamengo 6 a 0.
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