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CADÊ OS ‘ZICOS’?

3 / dezembro / 2024

por Marcos Vinicius Cabral

Busquei um motivo para escrever sobre o Zico. Não encontrei. Me senti como os marcadores implacáveis que davam bote no camisa 10 rubro-negro e não encontravam nada. Mas me fiz uma pergunta que está vagando por resposta em meu inconsciente: cadê os ‘Zicos’ do futebol brasileiro?

Zico reunia magistralidade, magnificência e pluralidade. Era o jogador que todo menino na infância queria ser. Inclusive eu, em parte da vida!

Singular, Zico quis ser apenas mais um. Acabou sendo muitos em um. Arco e flecha, razão e emoção. Nos gramados da vida, principalmente no baldio Maracanã, o camisa 10 era diferentes tipos de combustão: a completa, a incompleta, a espontânea e a explosão. Explosão esta perdida em 1985, naquele taciturno 29 de agosto, no Estádio Mário Filho.

“Eu sofri muito”, defendeu-se Márcio Nunes, o culpado por ‘assassinar’ o joelho de Zico. Conversa. Zico sofreu no corpo. Nós, torcedores, na alma!

Não há como questionar o profissionalismo com que Zico tratou o assunto e conduziu a carreira até sair de cena. O pecado adâmico do senhor Arthur Antunes Coimbra foi exatamente esse: deixar 40 milhões de rubro-negros órfãos e em um pesar profundo.

Falo de um enlutamento que vai atravessar séculos e atingir gerações que não tiveram a oportunidade de vê-lo em campo.

Que os digam Vítor e Arthur – este último batizado por causa do ídolo do Flamengo -, dois dos meus sobrinhos que não tiveram o privilégio de assistir um jogador de verdade praticando futebol.

E decidindo partidas. E batendo faltas, lançando, cabeceando e dominando uma bola de futebol com a maestria que apenas os gênios têm.

Em campo, Zico era simples e objetivo. Mas ter simplicidade e objetividade no esporte em que poucos conseguem ser facho de luz no meio de uma escuridão de cabeças de bagre, Zico permanece no inconsciente dos que se aproximam dos 50 anos de idade. Faço 51 daqui a 21 dias.

Todavia, escrever sobre Zico, maior jogador do Clube de Regatas do Flamengo, autor de 334 gols no Maracanã, campeão do mundo, da Libertadores e tetracampeão brasileiro, arrepia.

Arrepia para quem era um menino pobre, que viveu uma infância muito difícil na Região Serrana de Nova Friburgo e se transformou com muito esforço em um esforçado jornalista.

Jornalista que sempre a trabalho volta a ser criança quando está na presença dele, do Zico, do Galo, do Galinho, do maior camisa 10 rubro-negro da história.

Ah, Zico, tem coisas que só você e mais ninguém consegue fazer.

Obrigado, por você existir.

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