por Elso Venâncio
O locutor da famosa vinheta ‘Brasil, il, il!’, que marca as transmissões esportivas do Sistema Globo de Rádio e da Rede Globo de Televisão, especialmente nos jogos da nossa seleção, nasceu em Nova Friburgo, a Suíça brasileira. Edmo Zarife, o inesquecível ‘Zazá’, para os amigos, começou a trabalhar aos 15 anos de idade, na Rádio Sociedade da sua terra natal. Ao se mudar pouco depois para Niterói, destacou-se como locutor comercial, sendo contratado pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, onde se tornou a voz padrão do rádio nacional.
Na véspera de um Natal, prestes a entrar de férias, grava o programa que apresentava: ‘Rio Total Show das 5’. Fita rodando, programa no ar, entrou esbaforido no estúdio, diante do olhar surpreso do operador de som Jorge ‘Brinquinho’:
“Vou fazer ao vivo. Não gostei da parte final”.
Profissional ao extremo, perfeccionista, chegava a ficar horas no estúdio gravando um texto. Emotivo, chorava ao saber que um colega seria dispensado, em alguma reformulação da empresa. Subia e descia nervoso as escadas até o quarto andar, na Rua do Russel, 434, no bairro da Glória – sede da Rádio Globo – repetindo para quem lhe surgisse pela frente:
“Sacanagem. Isso é sacanagem” – sua voz potente ecoava pelos corredores.
Rubro-negro fanático, recebeu a visita inesperada do Zico em sua sala. Abraçou o ídolo e não conteve as lágrimas:
“Zico, Zicão, Zicaço” – falava, imitando o locutor esportivo Jorge Curi.
O cantor paraguaio Fabio Rolon, amigo de Tim Maia, gravava as vinhetas ‘Rádio Globooo’, ‘Flamengooo’, ‘Vascooo’, ‘Fluminenseee’ e ‘Botafogooo’, que logo caíram no gosto popular. Mário Luiz, diretor de programação, conversa com sua equipe e sugere a criação de um bordão, frase ou sinal eletrônico, para enriquecer as transmissões de futebol, líder de audiência em todo o país.
O sonoplasta José Cláudio Barbedo garante que a vinheta “Brasil, il, il’ foi criação dele, que dirigiu Zarife na locução. Formiga, como é conhecido, brigou na justiça com a Rádio Globo após descobrir que a emissora registrou a vinheta em nome dela. Zarife alegava ter ficado mais de duas horas trancado no estúdio, em um domingo à tarde, gravando com Formiga.
Zarife era encontrado com frequência, nas folgas de fins de semana, andando pela Rua do Russel. Estacionava seu fusca branco e dava comida aos gatos, que eram levados por ele até a entrada da Rádio Globo.
Ele faleceu no dia 27 de dezembro de 1999, aos 59 anos, devido a problemas cardíacos, na clínica Pro-Cordes, no bairro Santa Rosa, em Niterói. Durante o seu sepultamento, em Friburgo, familiares e amigos destacaram a paixão que ele tinha pela profissão. O inseparável radinho de pilha do Zarife foi colocado sobre o caixão.
Edmo Zarife é um dos ídolos eternos da História do Rádio Brasileiro.
Zazá ? Nunca tinha ouvido esse apelido. Ele era amigo de nossa família, ele era assíduo em nossa mesa no Nova Friburgo Country Club e nunca ouvi ninguém chamá – lo de Zazá. Ouvia muito Zarifão, mas Zazá ? Nunca ouvi.