por Victor Kingma
Nos anos cinquenta, Mario Vianna, com dois “enes”, como sempre frisava, era um dos melhores e mais severos árbitros do Brasil.
Certa vez, escolhido a dedo para apitar uma problemática decisão no interior mineiro, levava o jogo com a costumeira autoridade. Entretanto, após marcar uma falta perigosa para os visitantes, foi cercado por vários jogadores locais que ameaçavam agredi-lo.
Destemido, e forte como um touro, Mário Vianna encara todo mundo e, de peito estufado, esparrama o bolo de jogadores que se formava.
Todos acabam afinando perante à enérgica reação do truculento árbitro e vão se afastando do local da cobrança. Porém, Tampinha, o veloz ponta direita do time, de apenas 1,55 m de altura, o mais revoltado com a marcação, parte ferozmente em sua direção.
Mário Vianna, então, o recebe com uma tremenda peitada que o joga lá no alambrado do pequeno estádio.
Enquanto Tampinha, atordoado, era socorrido na lateral do campo, o experiente juiz ordena que a partida fosse reiniciada e a cobrança da falta realizada.
Cinco minutos depois, ao ver o jogador recuperado do knockdown, Mário Vianna se dirige à beira do campo e, como se fosse um juiz de boxe, faz sinal para ele voltar à luta, ou melhor, ao jogo.
– Não vai expulsa-lo seu Mário, tentou agredí-lo? – pergunta o bandeirinha.
– Vou não! Este pontinha é dos meus. Provou que é valente. É baixinho, mas é tinhoso!
E conclui:
– Além do mais, não fiz grande esforço para acalma-lo. Com certeza ele não vai me perturbar mais. Pode deixar ele voltar pro jogo.
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