por Idel Halfen
A todo o momento estamos tomando decisões em nossas vidas. Se pararmos para pensar, já acordamos diante de duas opções: levantamos imediatamente ou ficamos na cama um pouco mais, sendo que até o “pouco mais” carece de decisão.
No caso de um gestor, esse tipo de situação é mais frequente, pois, além das que precisa tomar no âmbito pessoal, ainda há as que lhe são impostas pelo cargo que exerce e, que muitas vezes, envolvem situações bastante delicadas como, por exemplo, a de desligar algum colaborador em função do desempenho.
E como avaliar o desempenho? Nas empresas mais estruturadas, a situação é um pouco menos complexa, pois se costumam estabelecer indicadores e acompanhá-los. Evidentemente que há falhas, visto beirar o impossível expurgar fidedignamente os fatores exógenos à operação, tais como os aspectos macroeconômicos, a agressividade da concorrência, os índices de confiança na economia, entre outros. Além disso, existem as variáveis mais subjetivas que, por mais que se busquem ferramentas de avaliação, são difíceis de apurar de forma que venham a ser determinante em decisões da magnitude de um desligamento, aqui listamos: o relacionamento com pares, superiores e equipe, potencial de desenvolvimento, motivação, etc.
Agora passemos para o esporte, mais especificamente o futebol, onde há uma grande incidência de desligamentos de treinadores ao longo da temporada, o que permite provocar algum tipo de analogia com o ambiente corporativo, o qual, pela maior atenção aos aspectos de gestão de recursos humanos, poderia servir de referencial para a modalidade.
Claro que a pressão externa sofrida pelos gestores corporativos é infinitamente menos agressiva do que a dos esportivos, que têm a torcida como uma espécie de conselho de administração muitas vezes violento acompanhando e cobrando resultados. Mas, independentemente dessas e de algumas outras diferenças, vale buscar a reflexão sobre o processo de avaliação de treinadores.
Estabelecer um percentual de desempenho a ser cumprido, o que já foi até tentado, poderia ser uma solução, contudo, há a influência da sequência de jogos se o período for curto, isto é, dependendo do nível dos adversários a métrica fica comprometida.
Haveria, sem dúvida, mais justiça, se uma meta fosse acertada entre as partes, e essa contemplasse um período maior, porém, dessa forma, as eventuais medidas corretivas estariam sendo relegadas, o que poderia levar a um desfecho irremediável.
Além do desempenho, existem os fatores relacionados ao que no meio chamam de “vestiário”, que nada mais é do que o clima organizacional, o qual acaba tendo também relação com o desempenho.
Devemos ainda incluir a visão de longo prazo, mais ligada à integração entre a base e o elenco principal. No mundo corporativo, seria algo na linha do planejamento de carreira e sucessões.
Tomar decisões sobre a continuidade ou não de um profissional é realmente bastante difícil, porém, a elaboração de um processo de avaliação – mesmo que não seja garantia de assertividade – ajuda a minimizar os problemas.
Auxilia a decisão, um cuidado maior com as contratações, pois, assim como os desligamentos, essas ficam mais propositivas se levarem em conta as competências que se buscam para aquele profissional.
Por fim, resta acrescentar que processos de rescisões mais criteriosos contribuem para deixar as empresas e os clubes “mais desejados” por potenciais candidatos, além de proporcionar aos que lá estão uma maior segurança, o que é também um fator que influencia a retenção de bons profissionais.
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